Autoridades venezuelanas cercam as instalações diplomáticas argentinas após a entrada de defensores da oposição como requerentes de asilo.
O grupo se uniu a quatro outras pessoas antirregime venezuelanas que buscaram refúgio na embaixada neste ano.
Um dos indivíduos, Pedro Urruchurtu, que coordena esforços internacionais para a líder da oposição María Corina Machado, afirmou nas redes sociais que havia grupos de oficiais mascarados e armados patrulhando em torno da propriedade diplomática.
Outro indivíduo, o ex-deputado Omar González, também se pronunciou nas redes sociais, afirmando: "A energia elétrica da embaixada argentina em Caracas foi desligada e agora está sob cerco de agentes do Sebin (Serviço de Inteligência Bolivariano) e outras forças de segurança".
A organização Vente Venezuela, impulsionada por Machado, emitiu uma declaração descrevendo a situação como um "bloqueio".
A declaração dizia: "Agentes do regime continuam a chegar à sede da embaixada argentina em Caracas. Atribuímos a culpa a Nicolás Maduro por este cerco contra nossos líderes que buscam refúgio na embaixada".
O governo argentino apresentou pedidos de permissão para sair da Venezuela, mas esses ainda não foram concedidos.
A CNN entrou em contato com os ministérios das Relações Exteriores da Venezuela e da Argentina em busca de mais informações, mas ainda não recebeu resposta.
A CNN também entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, cujo governo assumiu a responsabilidade de proteger o prédio diplomático após a expulsão de pessoal diplomático argentino pela Venezuela.
As expulsões ocorreram devido à oposição da Argentina aos resultados contestados das eleições, nas quais Maduro foi declarado vencedor, apesar da falta de resultados detalhados públicos solicitados por vários governos e organizações internacionais.
A Venezuela anunciou no sábado que havia revogado a autoridade do Brasil para representar os interesses da Argentina no país, incluindo a proteção do prédio diplomático. A Venezuela alegou que a embaixada estava sendo usada para planejar uma tentativa de assassinato contra Maduro e seu vice-presidente Delcy Rodriguez.
A Venezuela não apresentou nenhuma evidência para essa afirmação, dizendo que a decisão foi imediata.
O Brasil descreveu a medida como "surpreendente", dizendo que pretendia continuar defendendo os interesses argentinos até que a Venezuela e a Argentina concordassem com um país diferente para assumir as responsabilidades.
O Brasil enfatizou que as instalações da missão diplomática argentina, que atualmente abriga seis refugiados venezuelanos, além de ativos e arquivos, são invioláveis de acordo com as Convenções de Viena.
A Argentina expressou gratidão ao Brasil pela "comprometimento e responsabilidade" e advertiu a Venezuela a aderir à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
Os eventos na embaixada argentina ocorreram logo após o Ministério das Relações Exteriores da Argentina ter instado o procurador do Tribunal Penal Internacional a emitir mandados de prisão contra Maduro e outros altos funcionários do governo por alegadas violações de direitos humanos durante protestos pós-eleitorais.
Durante um fórum em Buenos Aires, o presidente argentino Javier Milei se referiu a Maduro como um "criminoso".
A Argentina rejeitou o mandado de prisão emitido por um tribunal venezuelano contra Edmundo González, candidato da plataforma de união democrática (PUD) e principal rival de Maduro, sob alegações de divulgar resultados eleitorais.
González nega as acusações, com a PUD afirmando que obteve os registros por meio de seus testemunhas eleitorais.
O mundo está de olho na situação que se desenrola na embaixada argentina em Caracas, com as Américas expressando preocupação com as ações da Venezuela.
A decisão do governo venezuelano de revogar a autoridade do Brasil para proteger a embaixada argentina e seus ocupantes gerou críticas das Américas, aumentando ainda mais a tensão internacional.