As Nações Unidas suspensam temporariamente os envios de ajuda para Gaza após a exigência do exército israelense de uma evacuação, em meio a uma intensificada campanha de distribuição de vacinas contra a pólio.
A militares israelenses iniciaram deslocamentos adicionais em certas áreas de Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza, no domingo, empurrando vários palestinos deslocados a se mudarem novamente enquanto a ONU se prepara para administrar vacinas a mais de 640.000 crianças, devido a preocupações sobre a disseminação da doença na região confinada.
Há pouco tempo, oficiais de saúde confirmaram o primeiro caso de pólio em 25 anos na Faixa de Gaza, em um bebê de 10 meses não vacinado. Este alarmante desenvolvimento ocorreu poucas semanas depois que testes de esgoto feitos em Gaza no final de junho deram positivo para o vírus, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a emitir um alerta de que uma epidemia que afetaria milhares de crianças era iminente.
A pólio é uma doença altamente contagiosa que atinge principalmente crianças com menos de 5 anos e atinge o sistema nervoso, podendo causar paralisia e até morte em casos extremos.
Na segunda-feira, COGAT, a entidade israelense responsável pela concessão de acesso à ajuda dentro da Faixa de Gaza, anunciou que mais de 1,2 milhão de doses de vacina haviam sido entregues ao enclave através do cruzamento de Kerem Shalon. Eles disseram que a campanha de vacinação, liderada pela OMS e pela agência infantil da ONU, seria realizada em conjunto com as Forças de Defesa de Israel (FDI).
No entanto, segundo um alto funcionário da ONU, as suspensões de entrega seriam momentaneamente impostas sob a situação atual. A CNN entrou em contato com o COGAT em relação às alegações.
Programa de Vacinação
O recente ressurgimento da pólio, que foi praticamente erradicada em países mais desenvolvidos, serve como prova dos desafios enfrentados pelos 2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, que sofrem com os bombardeios israelenses desde o ano passado. Muitos residentes sofrem com a escassez de comida, suprimentos médicos e água potável, com até 90% da população sem moradia estável.
Em declarações separadas na terça-feira, a UNRWA, a principal agência de assistência da ONU em Gaza, e o Ministério da Saúde da Palestina na Cisjordânia ocupada, anunciaram que estavam prontos para iniciar a campanha de vacinação.
"UNRWA continua a fornecer ajuda humanitária sempre que possível em Gaza", disse Juliette Touma, diretora de comunicações da UNRWA, à CNN, afirmando que a operação humanitária havia se tornado uma das mais desafiadoras do mundo para a ONU.
O Ministério da Saúde da Palestina confirmou que a campanha de vacinação começaria em breve e estão sendo tomadas medidas para distribuir mais 400.000 doses para imunizar 95% das crianças com menos de 10 anos.
"Intensos e contínuos esforços estão sendo feitos dia e noite com parceiros internacionais de saúde para ajudar os funcionários de saúde a executar a campanha de vacinação", dizia o comunicado do ministério, mencionando que as operações militares israelenses representam um risco significativo para a mobilidade da equipe.
O funcionário reconheceu que as operações da ONU não estão abandonando Gaza "porque as pessoas precisam da nossa presença", mas a ONU precisará se mudar após as últimas ordens de evacuação.
Anteriormente, as principais operações da ONU foram transferidas para Deir al-Balah depois que o Exército israelense emitiu ordens de evacuação para Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em maio, como disse o alto funcionário.
"Para onde vamos agora?" questionou o funcionário.
Enquanto isso, organizações internacionais de saúde, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), expressaram preocupação com a possibilidade de disseminação da pólio no Oriente Médio, dada sua proximidade com a Faixa de Gaza.
Em um esforço para prevenir uma epidemia de pólio no mundo, a ONU está intensificando seu programa de vacinação nas áreas afetadas pelo conflito do Oriente Médio, começando pela Faixa de Gaza.