- Os Country Music Awards ignoram o lançamento de um álbum de sucesso de Beyoncé, provocando controvérsia e descobrindo as razões subjacentes.
Imagine-se a escrever uma página da história da música, mas ficar de fora da premiação anual. Esse é o atual dilema de Beyoncé. Ela fez história ao se tornar a primeira mulher negra a liderar as paradas de música country dos EUA com seu álbum "Cowboy Carter". Sua faixa "Texas Hold 'Em" chegou a ficar dez semanas no topo da parada de singles country, sendo a segunda música de país mais bem-sucedida do ano. Ironicamente, Beyoncé ficou de fora das indicações do Country Music Award, apesar de sua conquista histórica. Fãs ficaram decepcionados e alguns até apontaram racismo.
Um usuário da plataforma de mídia social "X" expressou sua frustração dizendo: "Beyoncé lhes deu uma oportunidade dourada para mostrar sua preconceituosidade, e eles aproveitaram". Outro comentário dizia: "Se eles ignorarem Beyoncé, vão ignorar todo outro artista negro que merece reconhecimento. O problema vai muito além de 'Cowboy Carter'". As alegações de racismo não são infundadas. As indicações são escolhidas anualmente pelos mais de 7.000 membros da Country Music Association, que têm histórico de subestimar artistas negros. A cena de música country é geralmente percebida como dominada por conservadores brancos. No entanto, o caso de Beyoncé é uma exceção.
Beyoncé tem uma história com os CMAs
Beyoncé deu uma pista de sua experiência em uma publicação no Instagram em março, revelando que todo o álbum "Cowboy Carter" nasceu de uma sensação de não ser bem-vinda. Fãs e críticos concordaram que sua apresentação em 2016 no Country Music Awards, onde cantou "Daddy Lessons" com as "Dixie Chicks" e enfrentou vaias do público, foi a fonte de sua frustração. Após a apresentação, Beyoncé foi alvo de críticas online racistas apenas por ter sido dada a chance de se apresentar nos CMAs. "Cowboy Carter" pode ser visto como uma jogada de poder contra os Country Music Awards.
Beyoncé descreveu "Cowboy Carter" como um álbum de Beyoncé, não um álbum de música country, mas ela colaborou com lendas do país como Dolly Parton e Willie Nelson. Críticos se deliciaram em categorizar o álbum como country, apesar de suas influências de vários outros gêneros musicais. O trabalho de Beyoncé também influenciou os CMAs. O músico country negro Shaboozey foi indicado para dois CMAs no mesmo ano, após sua colaboração com Beyoncé em "Cowboy Carter". Shaboozey expressou sua gratidão, reconhecendo Beyoncé por "abrir uma porta, iniciar uma conversa e nos apresentar um dos álbuns de música country mais inovadores da história".
Até agora, Beyoncé permaneceu em silêncio sobre o assunto. Mas, em março, ela admitiu que o retorno que recebeu quando começou neste gênero a levou a se libertar das fronteiras pré-estabelecidas. Ela espera que, em um futuro próximo, discutir a cor da pele de um músico em relação a um gênero musical se torne um assunto irrelevante.
O silêncio de Beyoncé sobre a ausência nas indicações do Country Music Award pode ser ensurdecedor, mas suas ações falam mais alto do que palavras. Ao colaborar com lendas do country e lançar "Cowboy Carter", ela está desafiando as fronteiras tradicionais da música country.
O impacto do álbum de Beyoncé vai além da própria carreira. Sua colaboração com Shaboozey levou às indicações dele para os CMAs, abrindo caminho na cena de música country.