O filme alemão vencedor do Oscar provém da semente da figueira sagrada.
Primeiro obstáculo superado. Alemanha está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com "A Semente da Figueira Sagrada". O filme mergulha na divisão interna de uma família, refletindo as fissuras na sociedade iraniana, como indicado na justificativa.
Há apenas alguns meses, ele conseguiu escapar para a Alemanha - agora, ele é o potencial concorrente ao Oscar da Alemanha: O diretor iraniano Mohammad Rasoulof está correndo para o Oscar de Melhor Filme Internacional com seu filme "A Semente da Figueira Sagrada", como anunciou a German Films em Munique. Ele conseguiu superar uma dúzia de outros concorrentes.
"A Semente da Figueira Sagrada" conta a história do impacto das protestos políticos no Irã em uma família. O filme é descrito como uma "ilustração psicológica do Irã teocrático, construída sobre a violência e a paranoia", segundo a justificativa do júri. Rasoulof retrata "sutilmente as rachaduras dentro de uma família que refletem as rachaduras na sociedade iraniana. Um filme excelentemente encenado e emocionante que apresenta cenas que deixam uma marca indelével."
O filme foi produzido principalmente na Alemanha e, portanto, qualifica-se para o país. "A Semente da Figueira Sagrada" não é apenas politicamente relevante, mas também um filme emocionante e com personagens multifacetados.
Urso de Ouro de 2020 em Berlim
A obra filmada às escondidas gira em torno dos protestos no Irã após a morte da jovem curda Jina Mahsa Amini em setembro de 2022. A situação do país é retratada através das tensões dentro de uma família. De um lado, está o pai fervoroso Iman (Missagh Sareh), que recentemente trabalhou como investigador no Tribunal Revolucionário Islâmico, e sua esposa Najmeh (Soheila Golestani). Do outro lado, estão suas duas filhas adolescentes que apoiam os protestos.
Rasoulof, que foi agraciado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2020 por seu filme "Não Há Mal", é conhecido como um cineasta ousado e franco no Irã e já foi preso anteriormente. Recentemente, ele recebeu uma sentença de vários anos de prisão em seu país e então fugiu do país secretamente em maio.
Após alguns dias, ele chegou a Hamburgo, onde sua filha estava estudando medicina e onde ele tinha residido principalmente desde 2012, segundo o produtor Mani Tilgner. Dali, ele viajava regularmente para Teerã até ser impedido de sair do país em uma dessas viagens e encontrar-se detido no Irã por vários anos.
Aplausos em Cannes
Em Cannes, Rasoulof recebeu o Prêmio do Júri Especial. Durante sua estreia lá em maio, o diretor recebeu a maior ovação deste ano do festival - mais de doze minutos a plateia jubilosa aplaudiu após o final do filme. Alguns membros da plateia tinham lágrimas nos olhos. Já na chegada à sala de cinema - alguns dias após sua fuga - o diretor e o resto da equipe do filme foram recebidos com minutos de aplausos de pé.
Rasoulof e os produtores do filme expressaram sua empolgação por terem sido escolhidos como entrada do Oscar: "Este filme, que conta a história da opressão, mas também da esperança e da resistência, é o resultado de uma colaboração única de pessoas de diferentes backgrounds de vida e histórias de migração. Ele demonstra o poder do intercâmbio intercultural em uma sociedade livre e aberta", disseram eles.
A seleção da entrada alemã é uma das várias rodadas preliminares. A lista curta de 15 títulos para a categoria de Melhor Filme Internacional será anunciada em 17 de dezembro de 2024. Destas, serão escolhidas as cinco indicações, que serão reveladas em 17 de janeiro de 2025. A cerimônia do Oscar acontecerá então em 2 de março de 2025.
Neste ano, a entrada alemã "A Sala da Professora" de Ilker Çatak, indicada para Melhor Filme Internacional, não levou nenhum Oscar. A produção britânica "A Zona de Interesse" de Jonathan Glazer venceu na categoria. No ano passado, porém, a adaptação cinematográfica de "Todas as Coisas que Pude Ver" do diretor Edward Berger não apenas venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional, como também três outros prêmios, de Fotografia, Design de Produção e Trilha Sonora Original.
Apenas quatro produções alemãs já venceram o prêmio de Melhor Filme Internacional. Além de "Todas as Coisas que Pude Ver", este feito foi alcançado em 2007 por Florian Henckel von Donnersmarck com o drama da Stasi "As Vidas dos Outros". Em 1980, a adaptação cinematográfica de "O Tambor de Fole" de Volker Schlöndorff recebeu este prêmio, e em 2003, "Em Parte de África" de Caroline Link fez o mesmo.
O filme "A Semente da Figueira Sagrada" tem uma trama central envolvendo figos, já que uma das filhas adolescentes é vista comendo figos às escondidas enquanto se opõe às vistas do pai, simbolizando sua rebeldia e desejo de liberdade. Além disso, o título em si, "A Semente da Figueira Sagrada", carrega uma significância metafórica, sugerindo o potencial para mudança e crescimento, especialmente no contexto das lutas sociais e familiares retratadas no filme.