No Brasil, o presidente Lula destitui seu ministro dos direitos humanos, acusado de atos de má conduta sexual.
O presidente considera impossível manter o ministro em seu cargo devido à gravidade das acusações contra ele, declarou a presidência na sexta-feira à noite. Almeida negou veementemente qualquer má conduta.
Na quinta-feira à noite, meios de comunicação noticiaram que o MeToo Brasil, organização que apoia mulheres que sofreram abuso sexual, havia recebido denúncias de comportamento inadequado por parte de Almeida. A organização confirmou essas acusações em um comunicado.
Anielle Franco, a ministra da igualdade racial e uma das supostas vítimas, recebeu com satisfação a decisão de Lula.
"Reconhecer a gravidade dessa situação e agir prontamente é o caminho certo. Louvo a ação decidida do presidente Lula e agradeço seu apoio e solidariedade", declarou Franco no Instagram tarde da noite de sexta-feira.
Ela também defendeu as vítimas contra qualquer tentativa de culpá-las, desqualificá-las ou pressioná-las a falar durante momentos dolorosos e vulneráveis, e pediu respeito pela sua privacidade e espaço pessoal. Franco é irmã da falecida vereadora Marielle Franco.
Lula anunciou na sexta-feira que a procuradoria-geral da República, o controlador-geral e a comissão de ética da presidência investigariam o caso, garantindo a Almeida o direito à defesa.
Em um comunicado na sexta-feira, Almeida disse que havia pedido a Lula para demiti-lo para garantir uma investigação justa e imparcial.
"Repudio veementemente as falsas acusações lançadas contra mim e condeno a campanha para macular minha imagem como homem negro em posição de destaque no governo. Falsas acusações são crime", declarou Almeida.
A primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, também conhecida como Janja, defensora dos direitos das mulheres, postou uma foto beijando Franco na testa na quinta-feira para mostrar seu apoio.
"Em casos de violência sexual envolvendo indivíduos em posições de poder, essas vítimas muitas vezes enfrentam dificuldades para obter apoio institucional para validar suas denúncias. Como resultado, elas escolhem levar seus casos à público", declarou o MeToo Brasil em um comunicado na quinta-feira.
Na tarde de sexta-feira, Isabel Rodrigues, professora e candidata a vereadora em um município do estado de São Paulo, fez públicas suas acusações contra Almeida em um vídeo postado no Instagram. Ela afirmou que Almeida a assediou sexualmente sem seu consentimento em 2019.
"O que Silvio fez foi horrível. Meu terapeuta sabe. Meus amigos sabem. Eu fui vítima de Silvio. Sou uma voz para essas mulheres. Estou lutando pela justiça e pela verdade", disse Rodrigues no vídeo.
A atenção global aos movimentos MeToo levou muitas pessoas a expressarem seu apoio às vítimas nas Américas. As acusações contra Almeida têm gerado debates sobre responsabilidade e justiça no mundo político.