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Kati Witt: "Jutta Müller nunca ultrapassou a humilhação"

O campeão olímpico faz uma acusação ruidosa

Jutta Müller (à esquerda) e Kati Witt trouxeram o glamour à RDA. Aqui está uma fotografia de 1985..aussiedlerbote.de
Jutta Müller (à esquerda) e Kati Witt trouxeram o glamour à RDA. Aqui está uma fotografia de 1985..aussiedlerbote.de

Kati Witt: "Jutta Müller nunca ultrapassou a humilhação"

No início de novembro de 2023, morre Jutta Müller, a lendária treinadora da bicampeã olímpica Kati Witt. Um mês depois, a antiga patinadora artística denuncia o comportamento do desporto alemão após a reunificação. Prevaleceu uma "mentalidade de ajuste de contas". Müller foi vítima disso.

Numa entrevista publicada na edição atual da revista "Zeit Magazin", a antiga patinadora artística Katarina Witt fala sobre o desporto de competição na antiga RDA e sobre os duros treinos sob a orientação da sua treinadora, Jutta Müller, recentemente falecida. "É claro que o nosso sistema de desporto de competição era brutal, porque podíamos ser eliminados muito rapidamente", afirma Witt. "Esta forma de seleção era impiedosa, tratava-se de desporto de competição desde o início."

Witt vê a dureza da sua treinadora Müller como disciplina: "Nunca a vi deixar-se ir. Mas como eu própria tinha um objetivo claro, aceitei o seu rigor como algo natural". Jutta Müller foi a treinadora de patinagem artística mais bem sucedida do mundo nos anos setenta e oitenta, fez de Witt uma estrela mundial. Müller perdeu o seu emprego após a reunificação.

"Ela nunca ultrapassou a humilhação que lhe foi infligida pela antiga União de Patinagem no Gelo", disse Witt, duas vezes campeã olímpica. "Pareceu-me que prevaleceu uma mentalidade de ajuste de contas entre os dirigentes desportivos da Alemanha Ocidental. Antes da reunificação, os atletas da RDA eram geralmente os que ganhavam. Agora podiam usar a sua posição para finalmente actuarem como 'vencedores'". Naquela altura, houve demasiadas coisas que correram mal na altura da reunificação, com demasiadas pessoas cujas conquistas foram espezinhadas.

A rutura veio após a reunificação

Müller, que ganhou três medalhas de ouro olímpicas, dez títulos mundiais, 18 europeus e 42 títulos de campeã da RDA durante a sua carreira de treinadora, faleceu no início de novembro, com 94 anos. "Com o seu falecimento, o mundo da patinagem artística perdeu uma das maiores personalidades do treino e está chocado com a sua morte", declarou Andreas Wagner, Presidente da União Alemã de Patinagem (DEU), após a sua morte.

O antigo diretor desportivo da DEU, Udo Dönsdorf, descreveu-a como uma trabalhadora leal do sistema da República Democrática Alemã. Ela era o epítome dos êxitos da RDA, sabia como produzir êxitos. E o sistema da RDA foi feito para ela, ofereceu-lhe todas as oportunidades, porque a patinagem artística tinha o toque do deslumbramento".

A antiga professora de alemão, música, matemática e desporto já tinha entrado para o SED em 1946 e não conseguiu adaptar-se à nova era após o colapso do sistema. "O sistema da RDA não podia ser adotado. Agora percebo isso. Mas podia ter continuado. Na altura, estava mesmo desesperado por todo este trabalho super-júnior não poder continuar a existir de um dia para o outro", disse Müller mais tarde ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O antigo campeão de pares da RDA foi nomeado cidadão honorário da cidade de Chemnitz em dezembro de 2008 e já tinha sido introduzido no Hall da Fama da Patinagem Artística quatro anos antes.

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Fonte: www.ntv.de

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