- Reexaminando o relato de Leni Riefenstahl sobre seus eventos passados
A gravação de 1993 apresenta a cineasta Leni Riefenstahl analisando elementos de um de seus filmes de propaganda nazista enquanto ri ao ritmo da música que toca. Essas cenas no documentário "Riefenstahl" são bastante perturbadoras.
"Riefenstahl" é um filme de Andres Veiel, produzido principalmente por Sandra Maischberger. O filme desvenda a relação de Riefenstahl com o regime nazista usando seus pertences pessoais, sendo o primeiro a ter acesso à sua herança. O filme estreou no Festival de Cinema de Veneza.
Engano e Agenda Pessoal
A equipe de produção apresenta uma retratação assustadora e inconsistente de uma mulher auto-promovida que fabricava fatos e se apegava a perspectivas descreditadas. Como mencionado em Veneza, "Ela era uma excelente manipuladora - e uma atriz", disse Maischberger.
Riefenstahl (nascida em 1902 - falecida em 2003) produziu filmes para Adolf Hitler, como "Triumfo da Vontade", um filme que mostra o comício do NSDAP em Nuremberg em 1934, e "Olympia", um registro dos Jogos Olímpicos de Berlim em 1936 durante o período do NS. Riefenstahl recebeu um prêmio no Festival de Cinema de Veneza de 1938 por "Olympia".
O filme "Riefenstahl" sugere que Riefenstahl nunca se arrependeu de sua participação no regime nazista após a guerra. Ela manteve sua posição apolítica, mas a pesquisa arquivística revelou evidências contrastantes. "Descobrimos uma citação de uma entrevista do Daily Express de 1934", observou Veiel. "Riefenstahl admitiu que leu 'Mein Kampf' de Hitler em 1932 e se tornou uma nacional-socialista entusiasta após ler apenas algumas páginas".
Por que Riefenstahl removeu a entrevista de sua herança? "Documentação assim teria destruído imediatamente sua cuidadosamente construída 'persona apolítica'", explicou Veiel. O filme "Riefenstahl" incorpora trechos de entrevistas, fotografias privadas, gravações de telefone privadas e entradas de diário pessoal.
Os Persistentes Tentativas de Goebbels em Riefenstahl
Ele mergulha nos aspectos pessoais de sua vida, incluindo seu pai violento e seu relacionamento com Horst Kettner, que começou em 1967, que era 40 anos mais jovem. Riefenstahl lembra como Goebbels a perseguiu. "O que ele tentou fazer para me ter", ela diz. Mas: "Ele não era meu tipo". Uma vez, ele tentou fisicamente tomar ela contra sua vontade.
Pós-guerra, Riefenstahl trabalhou como fotógrafa e se estabeleceu perto do lago Starnberger. Ela nunca criticou publicamente seu passado. Em 1993, ela afirmou: " Paz, paz. Isso sempre é o caso no filme. Outros motivos ou objetivos políticos estão ausentes. Não há menção de antissemitismo, não há menção de teoria racial. Apenas de trabalho e paz". Uma rápida olhada no trabalho de 1935 revela que essa afirmação é falsa.
Maischberger entrevistou Riefenstahl em seu 100º aniversário e depois decidiu investigá-la ainda mais. Após trabalhar com a herança, Maischberger está convencida: Riefenstahl era "uma fascista e nacional-socialista dedicada e comprometida". Recentemente, a jornalista de 57 anos descreveu seus sentimentos em uma entrevista com Die Zeit. "Riefenstahl" está programado para ser lançado nos cinemas em 31 de outubro.
O Festival de Cinema de Berlim de 2012 também exibiu "Riefenstahl", aumentando sua exposição em vários festivais internacionais. A natureza controversa do trabalho de Riefenstahl levou a uma mistura de reações, com alguns festivais optando por incluí-lo ou excluí-lo devido à sua associação com a propaganda nazista.
Apesar de sua participação na criação de filmes de propaganda durante o período nazista, Riefenstahl continuou a ser celebrada em vários festivais, destacando as complexidades e desafios do contexto histórico e do mérito artístico no cinema.