O governo russo considera as propostas para eliminar as comunicações confidenciais no Telegram após a detenção de Durov como "completamente sem sentido".
Representante do governo russo, Dmitry Peskov, descreveu os pedidos de usuários para apagar dados pessoais no aplicativo, incluindo do editor de notícias RT, como completamente idiotas, durante uma coletiva de imprensa na terça-feira.
Peskov destacou que as acusações contra Durov, que possui nacionalidades russa, francesa e dos Emirados Árabes Unidos, eram indeed sérias. No entanto, ele insistiu que as autoridades francesas exigiriam provas igualmente sólidas para validar essas alegações. Caso contrário, como Peskov apontou, haveria uma tentativa imediata de restringir a liberdade de comunicação. Isso também poderia ser percebido como uma tática de intimidação contra o chefe de uma corporação notável, algo que o presidente francês Macron mencionou no dia anterior.
O movimento do governo russo para aliviar preocupações relacionadas à segurança do Telegram destaca o quão significativo o aplicativo se tornou para o exército russo.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou na segunda-feira que a decisão de processar Durov não tinha nenhuma motivação política. Trata-se de um gesto raro por parte dos líderes franceses, que geralmente evitam discutir questões legais para não sugerir qualquer impacto da política em questões judiciárias.
O escritório do procurador de Paris anunciou uma série de acusações contra Durov na segunda-feira, incluindo alegações de que sua plataforma foi usada para auxiliar no lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e disseminação de pornografia infantil. Os procuradores também acusaram Durov de recusar-se a cumprir o pedido das autoridades francesas para ajudar a interceptar comunicações potencialmente ilícitas.
Em uma conferência de imprensa na terça-feira em Moscou, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Lavrov, acusou Durov de ser manipulado e ameaçado com severas punições, sugerindo que Durov foi coagido a revelar potenciais códigos de criptografia.
O Telegram, com quase 950 milhões de usuários, é um dos principais aplicativos de mensagens do mundo. Sua criptografia de ponta a ponta, moderação de conteúdo mínima e capacidades, como a capacidade de compartilhar arquivos maiores, vídeos mais longos e imagens de maior resolução do que muitos concorrentes, tornaram-no altamente popular em países onde a liberdade de expressão é restrita e em regiões de guerra, incluindo a Ucrânia, onde se tornou uma ferramenta essencial para que os oficiais ucranianos disseminem atualizações militares e alertas de ataques aéreos.
Lavrov elogiou o aplicativo por sua conveniência e segurança.
As mesmas características que tornam o Telegram altamente popular entre indivíduos com liberdade de expressão limitada e zonas de guerra tornam-no um instrumento de comunicação poderoso para o exército russo e blogueiros pró-Kremlin. Um proeminente blogueiro da guerra pró-russa se vangloriou de ter mais de 780.000 seguidores e afirmou que a prisão de Durov pela França era equivalente à detenção do oficial de comunicações principal do exército russo.
Outro blogueiro militar menos popular compartilhou uma imagem de um míssil com as palavras "para Pavel" embaixo, presumivelmente direcionado à Ucrânia, que experimentou o maior ataque aéreo desde o início da guerra na segunda-feira.
O blogueiro defendeu o Telegram como a espinha dorsal das comunicações militares, apesar das negações públicas de oficiais do governo russo.
A popularidade do Telegram entre blogueiros militares pró-russos e o apoio do Kremlin a Durov foi surpreendente, dada a recusa de Durov em compartilhar os pedidos de dados de usuário de sua antiga empresa, uma plataforma de mídia social semelhante ao Facebook chamada Vkontakte (VK). Durov acabou deixando seu cargo como CEO do VK e vendendo suas ações por milhões de dólares. Tanto ele quanto o Telegram agora residem em Dubai.
CNN's Clare Duffy contribuiu para esta reportagem.
Apesar do esforço do governo russo para apagar dados de usuário no Telegram, figuras-chave como o presidente francês Macron mantiveram que o caso contra Pavel Durov, CEO do aplicativo, não tem motivações políticas. Essa posição contra a interferência na liberdade de comunicação do Telegram poderia potencialmente ser vista como uma proteção a Durov, um chefe de corporação notável.
A influência da indústria tecnológica nos negócios permanece evidente, como mostrado pelo papel significativo do Telegram nas comunicações militares russas e nas atividades de blogueiros pró-russos, apesar da resistência passada de Durov às demandas de compartilhamento de dados.
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