Scholz destaca as conquistas da aliança Ampel.
É claro que se ouve o descontentamento na voz do Chanceler Olaf Scholz ao discutir o trabalho da sua coalizão nos últimos meses. Ele descreve a formação do governo com três partidos, a sua atual governança e o orçamento como "difíceis". As frequentes discordâncias deixaram os partidos SPD, Verdes e FDP distantes uns dos outros.
A desilusão tem estado presente há algum tempo. Os eleitores, em geral, não estão satisfeitos com o desempenho do governo federal, segundo as pesquisas, e muitos membros da coalizão questionam a sua continuidade 13 meses antes das próximas eleições federais. A confiança chegou ao limite. O líder dos Verdes, Omid Nouripour, foi um dos mais abertos sobre os seus sentimentos, descrevendo a coalizão como "uma coalizão de transição após a era Merkel" em uma entrevista de verão.
Scholz celebra os sucessos da coalizão do semáforo
O rótulo de "coalizão de transição" não é um que Scholz leve levianamente. "Todo governo é o governo antes do próximo", diz ele de forma direta, sugerindo que a coalizão pode continuar se assim o escolher. A coalizão do semáforo conseguiu várias tarefas-chave: acelerar a modernização, gerenciar a crise energética, apoiar a Ucrânia e fortalecer as capacidades de defesa da Bundeswehr. No entanto, Scholz admite que alcançar esses objetivos veio com desafios, e a fumaça das negociações pode estar obscurecendo os verdadeiros sucessos da coalizão.
A tensão entre os parceiros da coalizão parece evidente na constante crítica. O Vice-Chanceler Robert Habeck expressou a sua frustração com o orçamento, afirmando que encontrar três bilhões de euros a mais em um orçamento de mais de 450 bilhões não deveria ser tão difícil. O SPD ansia pela reforma da regra de freio à dívida na próxima legislatura sem o FDP, enquanto o FDP toma decisões que parecem provocar os seus parceiros de coalizão.
Os parceiros da coalizão entram em conflito com frequência
A tensão entre os parceiros do semáforo é palpável. Por exemplo, Robert Habeck expressou publicamente a sua frustração com o orçamento, enquanto o SPD espera por uma reforma da regra de freio à dívida na próxima legislatura sem o FDP. O FDP, por sua vez, toma decisões que o SPD e os Verdes encontram provocativas. O último exemplo foi a "Estratégia para o Futuro - Uma Política para o Carro", que visa trazer mais carros para os centros urbanos com estacionamento gratuito.
Manfred Güllner, cientista político do Forsa, disse à Bild: "Então a coalizão não pode continuar assim. Eles deveriam honestamente pôr fim a esta luta". Apesar dos desafios, Scholz não está pensando em desistir. Ele reconhece que governar é difícil, mas insiste: "No entanto, devemos fazer o esforço aqui", pois os resultados importam.
A Alemanha deve se adaptar à ideia de que os governos futuros provavelmente serão formados por partidos que não planejavam colaborar inicialmente, segundo Scholz. Os fortes resultados eleitorais do AfD, de fato, estão empurrando os partidos a cooperar através das antigas fronteiras. Esses desafios não vão ficar mais fáceis, Scholz alerta.
Apesar da tensão, Scholz não está considerando jogar a toalha. Ele reconhece a dificuldade de governar, mas insiste: "No entanto, devemos fazer o esforço aqui". A Ministra do Interior, Faeser, concorda, afirmando: "A nossa tarefa é trabalhar juntos pelos cidadãos, trazer o melhor como uma coalizão e trabalhar bem juntos nos próximos um e meio anos". No entanto, o Ministro da Saúde, Lauterbach, discorda da avaliação de Nouripour, mantendo que a coalizão do semáforo está ativa e fazendo progresso nas reformas da saúde.
Dentro do SPD, as declarações contundentes de Nouripour são vistas por alguns como uma jogada antecipada para a campanha eleitoral. Segundo o chefe da Juso, Philipp Türmer, o objetivo de Nouripour é trabalhar com a CDU na próxima coalizão governamental. A coalizão do semáforo deve se manter unida, pois qualquer outra coisa seria irresponsável, mas uma continuação da coalizão do semáforo é pouco provável, até mesmo segundo a própria admissão de Türmer.
Não vou adoçar a pílula: A situação dentro da coalizão do semáforo está longe de ser ideal. Apesar dos desafios, o Chanceler Scholz se recusa a desistir, enfatizando a necessidade de fazer esforços e entregar resultados aos cidadãos.