Putin fala com altos funcionários em público
Avanço ucraniano no território russo é um revés para a liderança em torno de Vladimir Putin. O humor do presidente russo não parece bom, como ficou evidente em uma importante reunião para discutir a situação tensa na fronteira.
Vladimir Putin repreendeu publicamente vários altos funcionários russos envolvidos nos avanços ucranianos na fronteira. Especialmente o governador Alexei Smirnov da região de Kursk foi colocado em seu lugar pelo presidente russo durante uma reunião com oficiais militares e representantes do governo regional sobre a situação atual.
Smirnov relatou na assembleia que a situação em sua região era difícil, já que os ucranianos haviam tomado o controle de 28 assentamentos. "A profundidade de penetração na região de Kursk é de 12 quilômetros, e a largura da frente é de 40 quilômetros", afirmou Smirnov.
Mas para Putin, isso foi aparentemente demais: "Olhe, Alexei Smirnov, o departamento militar vai nos relatar sobre o quão largo e fundo é. Eles vão nos relatar sobre a situação socioeconômica e assistência às pessoas", interveio o presidente russo. Smirnov cumpriu a instrução.
O primeiro vice-primeiro-ministro Denis Manturov também foi repreendido por Putin. Quando Manturov afirmou que os problemas estavam "sob controle", o presidente russo respondeu que importantes questões sociais haviam sido negligenciadas.
Um vídeo e a transcrição da conversa foram publicados no site do Kremlin. "A decisão do Kremlin de publicar imagens de Putin repreendendo altos funcionários russos provavelmente é um aviso para que outros não comentem a invasão ucraniana da Rússia", disse o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW).
Tanto Vyacheslav Gladkov, governador da região de Belgorod, também atacada pela Ucrânia, quanto o governador de Bryansk, Alexander Bogomaz, evitaram "a ira de Putin" ao não comentar assuntos militares, de acordo com o think tank dos EUA.
Putin está de mau humor
O jornal de oposição russa Verstka relatou há alguns dias que a administração presidencial russa havia recomendado deputados e senadores não comentarem os eventos em Kursk ou mantê-los breves e referir-se apenas a declarações oficiais.
"Putin e altos oficiais militares e de segurança russos provavelmente estão tentando controlar as narrativas oficiais sobre a situação na região de Kursk e prevenir descontentamento doméstico que poderia ameaçar a estabilidade do Kremlin", analisou o ISW.
O "Moscow Times" recentemente relatou que Putin estava de mau humor devido à ofensiva ucraniana na fronteira, semelhante ao após a retirada forçada de Kherson em 2022. Um funcionário russo disse ao jornal crítico do Kremlin que o avanço na região de Kursk foi um "golpe pesado no presidente".
Nos últimos meses, vários altos funcionários foram demitidos de seus cargos na Rússia, por exemplo, devido a supostas corrupções. Observadores descreveram isso como "purga".
A Comissão, liderada pelo presidente russo, foi convocada para discutir o avanço ucraniano e a situação tensa na fronteira. Após a repreensão pública de vários oficiais por Putin, foi relatado que a Comissão agora monitoraria de perto os relatórios do departamento militar sobre a situação na região de Kursk.