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Oposição na Venezuela: "Não temos medo"

O presidente autoritário Maduro, após uma votação controversa, declarou-se vencedor. Oposicionistas consideram-no um trapaceiro e aumentam a pressão nas ruas.

- Oposição na Venezuela: "Não temos medo"

Após a eleição presidencial controversa na Venezuela, a oposição continua lutando por uma mudança de poder e o afastamento do autoritário Presidente Nicolás Maduro. Milhares de oponentes do governo saíram às ruas na capital, Caracas, protestando contra os resultados oficiais da eleição, que eles acreditam terem sido manipulados, declarando Maduro como vencedor. Eles gritavam "Não temos medo" e torciam pelo seu candidato presidencial, Edmundo González Urrutia.

A líder da oposição, María Corina Machado, disse aos seus apoiadores de um palco que os resultados verdadeiros da eleição eram claros e não negociáveis. "A única coisa que estamos dispostos a negociar é uma transição pacífica de poder", disse ela. A oposição afirma ter acesso a mais de 80% dos resultados detalhados das seções de votação, que o Conselho Nacional Eleitoral ainda não publicou. De acordo com esses resultados, González receberia 67% dos votos, enquanto Maduro receberia 30%.

Após a eleição presidencial no domingo, a autoridade eleitoral pró-governo declarou Maduro como vencedor oficial. A oposição acusa o governo de fraude eleitoral. Os EUA, a UE e vários países da América Latina também duvidam dos resultados oficiais da eleição. A Organização dos Estados Americanos não reconhece a reeleição de Maduro e marcou uma reunião de emergência do Conselho Permanente sobre a situação na Venezuela para quarta-feira.

Biden e Lula pedem publicação dos resultados detalhados da eleição

Diante das dúvidas sobre os resultados oficiais da eleição, o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pediram transparência. Eles concordaram que a autoridade eleitoral venezuelana deveria publicar os resultados detalhados de cada seção de votação, disse a Casa Branca após uma ligação telefônica entre os dois presidentes. Eles compartilham a avaliação de que o resultado da eleição é crucial para a democracia muito além da Venezuela.

Pelo menos onze manifestantes, incluindo dois menores, foram mortos em protestos contra os resultados da eleição, de acordo com a organização independente Foro Penal. Um oficial de polícia também foi morto, de acordo com a Procuradoria-Geral.

O Procurador-Geral Tarek William Saab disse que 749 manifestantes haviam sido presos em todo o país. Eles são acusados de atacar estações de polícia, escritórios eleitorais, câmaras municipais e hospitais, entre outros, e de incitar ódio e bloquear ruas públicas.

O Presidente Maduro anunciou uma operação de segurança em que soldados e policiais patrulharão as ruas e agirão contra grupos violentos. Ele acusou a oposição e o governo dos EUA de planejar um golpe com a ajuda de grupos armados. "A oligarquia não pode aceitar os resultados da eleição", disse ele. "Mas o fascismo não prevalecerá na Venezuela."

O Comissário de Direitos Humanos da ONU pede liberdade de assembleia

O Comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Türk, expressou preocupação com a violência em um comunicado. "Estou preocupado com os relatórios do uso desproporcional da força pelas forças de segurança e pelos grupos armados que apoiam o governo", disse ele. "Peço ao governo que respeite o direito de todos os venezuelanos de se reunir, protestar pacificamente e expressar suas opiniões livremente e sem medo."

A Venezuela luta com uma grave crise política e econômica há anos. Uma vez uma nação próspera rica em reservas de petróleo, agora mais de 80% de sua população vive abaixo da linha da pobreza. Os apagões são frequentes, e há escassez de gasolina, gás e medicamentos. Mais de sete milhões de pessoas, um quarto da população, deixaram o país nos últimos dez anos devido à pobreza e à violência.

O Parlamento Europeu foi nomeado para auxiliar a Comissão neste assunto. Reconhecendo a preocupação internacional, os líderes europeus estão pressionando a Comissão Venezuelana a publicar os resultados detalhados da eleição de cada seção de votação, alinhando-se com os pedidos feitos pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, e pelo Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

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