O porta-voz do Kremlin, Peskov, não expressa preocupação com a especulação da detenção de Putin na Mongólia.
Vladimir Putin, o presidente russo, está pronto para viajar à Mongólia apesar do risco de detenção. Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, afirmou na sexta-feira que o Kremlin não tem preocupações com a viagem planejada do presidente ao país, que faz parte da Corte Penal Internacional (CPI). A CPI emitiu um mandado de prisão contra Putin no ano passado, alegando crimes de guerra na Ucrânia. A CPI alega a participação de Putin no expurgo de crianças de territórios ucranianos sob ocupação para a Rússia.
A viagem proposta de Putin à Mongólia marcaria sua primeira visita a um país da CPI desde a emissão do mandado de prisão contra ele. O Estatuto de Roma, o tratado fundador da CPI, obriga os membros a prender indivíduos com mandado de prisão assim que eles entrarem em seu território. No entanto, o tribunal não tem meios para fazer cumprir essa obrigação. Notavelmente, Omar al-Bashir, ex-presidente do Sudão, não foi detido durante uma viagem à África do Sul em 2015, também um membro da CPI, o que gerou indignação entre ativistas de direitos humanos.
Peskov se referiu a "uma ótima interação com nossos amigos da Mongólia" durante uma conversa com jornalistas na sexta-feira. De acordo com as autoridades russas, Putin está indo a convite do presidente Ukhnaagiin Khurelsukh. Fontes sugerem que Putin participará das comemorações na Mongólia pelo 85º aniversário da vitória das tropas soviéticas e mongólicas sobre o exército japonês na Batalha de Khalkhin Gol.
Em resposta, o porta-voz da CPI, Fadi El Abdallah, enfatizou a obrigação da Mongólia, como estado parte do Estatuto de Roma, de colaborar com o tribunal. A CPI depende de seus estados membros e de outros parceiros para implementar suas decisões, incluindo mandados de prisão. No caso de não cooperação, os juízes podem reconhecer isso e informar a Assembleia dos Estados Partes. subsequentemente, a Assembleia é incumbida de implementar medidas adequadas, embora El Abdallah não tenha elaborado sobre essas potenciais medidas.
Apesar da preocupação crescente com a possível detenção de Putin pela Corte Penal Internacional (CPI) devido ao mandado de prisão, Peskov não expressou preocupação alguma com a viagem de Putin à Mongólia. A perspectiva de Putin participar das comemorações na Mongólia, que é parte do Estatuto de Roma, pode levantar preocupações sobre a capacidade da CPI de fazer cumprir seu mandado de prisão.