- O limite proposto à assistência à Ucrânia encontra uma oposição feroz, tanto externa como interna.
A posição da aliança sobre o financiamento adicional para a assistência à Ucrânia também está atraindo críticas de dentro dos seus próprios círculos. Michael Roth, chairman do comitê de relações exteriores do Bundestag e membro do Partido Social Democrata, expressou suas preocupações em jornais publicados pelo grupo de mídia Funke, afirmando: "Se não houver planos para novo financiamento de ajuda militar para a Ucrânia nos orçamentos futuros, isso envia uma mensagem letal do governo federal."
No entanto, é incerto se isso realmente ocorrerá.
Contexto
Christian Lindner, Ministro das Finanças (FDP), escreveu uma carta a Boris Pistorius, Ministro da Defesa (SPD), e Annalena Baerbock, Ministra das Relações Exteriores (Verdes), afirmando que "novas medidas" só poderiam ser consideradas se as alocações orçamentárias fossem garantidas para este ano e anos subsequentes. Ele também enfatizou a importância de ficar dentro dos limites.
A carta foi obtida pela agência de notícias alemã e pelo "Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung". Em um comunicado emitido no sábado, o ministério das finanças afirmou sua disposição para discutir, mas ainda não foram relatadas necessidades concretas. O governo federal, em princípio, espera oferecer apoio robusto à Ucrânia no futuro, explorando o interesse dos ativos do estado russo congelados.
Contribuição da Alemanha para a Ucrânia
Em 2023, a Alemanha é estimada em fornecer cerca de 7,5 bilhões de euros para a ajuda militar à Ucrânia, com 4 bilhões de euros destinados a 2025. O plano orçamentário atual não inclui fundos adicionais, como relatado pela agência de notícias AFP. O problema é que, de acordo com os relatórios da mídia, a maioria dos fundos já foi alocada.
O governo federal busca fornecer ajuda além dos montantes alocados por meio de um novo fundo internacional com um volume de 50 bilhões de euros. No entanto, esse fundo não será financiado pelo orçamento federal, mas sim pelo interesse gerado a partir dos ativos russos congelados. Essa estratégia, recentemente acordada pelo grupo de sete estados (G7), visa apoiar a Ucrânia de forma mais robusta no futuro.
Crítica de Roth
Michael Roth, defensor da ajuda militar robusta à Ucrânia, que atualmente está conduzindo uma ofensiva surpresa em regiões fronteiriças russas, criticou: "Em vez de oferecer apoio robusto, a Alemanha parece estar em discussões sobre o financiamento futuro da ajuda militar, dando a impressão de uma retirada sigilosa de responsabilidades". Ele acrescentou ainda: "Não podemos deixar nossa segurança depender das restrições orçamentárias. 50 bilhões de dólares do fundo do G7, provenientes de ativos russos, estão muito longe de serem adequados".
Perguntas da União
Thorsten Frei, o gerente parlamentar da União no Bundestag, questionou a estratégia de confiar nesses fundos. "É incerto quando, quanto e mesmo se esses fundos estarão disponíveis. A estratégia da Alemanha parece ser mais um capítulo na história de 'Enganar, Trair, Enganar'", disse Frei aos jornais Funke.
Roderich Kiesewetter, especialista em política externa e de defesa para a CDU, argumentou que a Ucrânia seria efetivamente abandonada se os pagamentos de juros tivessem que ser feitos de qualquer maneira. Ele acusou o Chanceler Olaf Scholz de priorizar as eleições de setembro na Alemanha Oriental, onde a ajuda à Ucrânia é muitas vezes encontrada com resistência, "Isso não é como um país líder da Europa age".
Christoph Ploß, especialista em política europeia da CDU, argumentou que também se tratava de defender os valores ocidentais. "Se o governo federal agora agir hesitante e oportunisticamente, não somente nós, mas também nossos filhos e netos pagarão o preço", disse ele ao Spiegel.
A União Europeia, como entidade coletiva, pode compartilhar preocupações semelhantes às expressas por Michael Roth, dadas suas obrigações compartilhadas de apoiar a Ucrânia.
Se a estratégia proposta da Alemanha de confiar em fundos de ativos russos congelados não se materializar, isso pode potencialmente levantar questões dentro da União Europeia sobre o compromisso da Alemanha com a ajuda à Ucrânia.