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O kibutz Kfar Aza continua a evocar arrepios e devastação.

O kibutz Kfar Aza continua a evocar arrepios e devastação.

Exatamente há um ano, militantes do grupo extremista Hamas invadiram o Kibbutz Kfar Aza, resultando em numerouscas. Um punhado de sobreviventes retornou, lutando com a pergunta de saber se a vida pode recomeçar neste lugar envolto em terror. Outros ponderam a mesma ideia.

Em um dia ensolarado, Liora Eilon ficou em Kfar Aza, o local onde seu filho encontrou seu fim. Ela encontrou um item entre os pertences descartados ao redor de uma casa abandonada. "Cada vez que nós vimos aqui, Tal nos deixa um pequeno símbolo", disse a mulher de 71 anos, estudando a figura de exército em miniatura em suas mãos.

Há um ano, insurgentes de Hamas atacaram o kibbutz, tirando a vida de Tal Eilon, o comandante de 46 anos da unidade local de defesa civil. Liora Eilon agora mora em um dormitório em uma universidade no norte de Israel. Ela pondera se algum dia voltará a se conectar verdadeiramente com esse lugar, agora parte significativa da história israelense, tendo testemunhado a perda de cerca de 1200 vidas e a captura de aproximadamente 250 indivíduos. O ataque serviu como catalisador para o conflito de Gaza, com o ministério da saúde de Hamas em Gaza relatando mais de 41.600 vítimas palestinas desde então.

Aproximadamente 50 dos 1000 residentes originais de Kfar Aza retornaram. Eles vivem entre casas marcadas por destruição explosiva. Os outros sobreviventes estão espalhados pelo país. Eles expressam sua ansiedade sobre possíveis ataques, sua confiança no exército israelense, no governo e nos palestinos em Gaza. Alguns se perguntam se este lugar pode oferecer um espaço de vida viável. "Kfar Aza se tornará um sítio memorial? Haverá uma placa a cada poucos metros, marcando 'ele foi morto aqui' e 'ele foi morto aqui'?" perguntou o homem de 58 anos Sohar Schpack. "Ainda é 7 de outubro."

O legado daquele dia ainda paira um ano depois. O jardineiro Rafael Friedman continua a encontrar restos de extremistas em Kfar Aza, provavelmente vítimas de mortes relacionadas a armas. Kfar Aza sempre foi conhecido por sua comunidade unida. Fotos de jovens mortos circulam amplamente online. O governo planeja reconstruir o lugar, enquanto constrói casas pré-fabricadas em um kibbutz próximo, onde dois terços dos residentes desejam se mudar.

Alguns questionam se algum dia se sentirão seguros em Kfar Aza novamente. Eles procuram respostas sobre por que o exército levou tanto tempo para responder ao ataque de Hamas. Uma investigação está em andamento, mas o exército ainda não divulgou nenhum resultado. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeitou pedidos para assumir a responsabilidade pela situação antes do término do conflito.

"Ainda é 7 de outubro"

Simona Steinbrecher se sente tragicamente suspensa no tempo. Decisões não podem ser tomadas. Sua filha Doron é uma das 66 israelenses ainda em cativeiro. Supõe-se que Hamas tenha os corpos de outras 35 pessoas. Steinbrecher viu Doron pela última vez em um vídeo de propaganda de Hamas. "Sem Doron, ainda é 7 de outubro", disse ela. "E nós não voltaremos para casa até ela estar em casa."

Muitos residentes de Kfar Aza planejam boicotar a cerimônia memorial do governo agendada para segunda-feira. Eles estão organizando o próprio evento pequeno, hasteando a bandeira do kibbutz a meio mastro. Eles expressam admiração pelos soldados que lutaram naquele dia, mas expressam raiva contra os superiores a quem culpam por uma estrutura de comando fracassada que não apoiou o kibbutz quando mais precisou.

Eilon está cheia de fúria e descrença enquanto lembra os 35 horríveis horas de sofrimento que sua família passou. Quando o alarme soou naquela manhã de sábado, ela supôs que levaria minutos para o exército chegar. Em vez disso, levou horas.

A família se trancou em seu abrigo. Um filho e uma filha selaram a porta contra os invasores. Suas netas Gali e Mika se esconderam debaixo da cama. Eilon recebeu a notícia de que seu filho Tal tinha saído para enfrentar o inimigo.

Eles ouviram os gritos

Cinco deles se agacharam no abrigo, ouvindo os gritos dos atacantes, tiros, sem saber se Tal estava vivo ou morto. Soldados israelenses garantiram sua casa, mas não evacuaram a família até a tarde de domingo, quando extremistas voltaram a se abrigar na casa.

Enquanto fugia, Eilon viu um tanque apontar sua canhoneira para sua moradia. Ele atirou, e o edifício desabou, enterrando os extremistas sob os escombros. Logo após seu resgate, Eilon ficou sabendo da morte de seu filho. "Eu sempre soube", disse ela. "Mas uma pequena parte de mim esperava que ele estivesse ferido, inconsciente em um hospital."

No meio do caos, alguns residentes se apressaram em jipes militares. Hanan Dann lembra ter visto soldados fora do kibbutz que pareciam estar esperando ordens. "Eu queria dizer a eles que ainda havia luta acontecendo, que pessoas estavam morrendo", disse ela. "Eles poderiam ter salvado eles."

Dias de conflito

Frações armadas e soldados lutaram em Kfar Aza por longos períodos. No final, os atacantes haviam reivindicado 64 vidas civis e 22 soldados, enquanto sequestravam 19 indivíduos para Gaza.

Perto dali fica uma torre de água dilapidada, semelhante a Be'erot Yitzhak, um kibbutz abandonado após um ataque devastador do Egito em 1948, no conflito que começou horas antes do início oficial de Israel. "Isto é o que Kfar Aza se tornará em dez anos?" perguntou Dann. "Apenas uma parada na rodovia que eu posso compartilhar com meus filhos?"

Mesmo aqueles que desejam retornar reconhecem que Kfar Aza não será mais como antes. Schpack reconhece por que ninguém consideraria criar uma criança em tal lugar, questionando: "Como se explica os eventos passados deste lugar?"

O futuro do kibutz está entrelaçado com a Faixa de Gaza para alguns. Eles antecipam novos ataques enquanto não houver um tratado de paz com os palestinos. Eilon anseia por uma nova administração que se engaje com os palestinos para "descobrir uma solução, permitindo que coexistamos na mesma terra". "Eu anseio pelo dia em que uma fronteira aberta se estende daqui até o mar, permitindo que duas culturas floresçam juntas."

Defensores dos direitos humanos exigiram uma investigação abrangente sobre o tempo de resposta do exército durante o ataque do Hamas em Kfar Aza, enfatizando a necessidade de defender o direito fundamental à vida e à segurança de todos os civis.

Liora Eilon, junto com outros sobreviventes, expressou sua preocupação sobre o possível impacto do ataque no futuro de seus filhos e netos, enfatizando a importância de preservar os direitos humanos e garantir um ambiente seguro e pacífico para todas as gerações futuras.

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