Encontro em Atenas - Mitsotakis e Erdogan mostram reconciliação
Houve alguma coisa? Em 2020, a Grécia e a Turquia estiveram à beira da guerra devido a disputas sobre as reservas de gás natural no Mediterrâneo Oriental. Seguiram-se numerosos outros conflitos, incidentes, golpes laterais e acusações. Em maio do ano passado, o Presidente Recep Tayyip Erdogan chegou mesmo a declarar o chefe de governo grego persona non grata: Kyriakos Mitsotakis não existia para ele, disse.
Foi só depois dos graves terramotos na Turquia, em fevereiro deste ano, quando a Grécia se apressou a ajudar, que a poeira assentou. O novo desanuviamento culminou com um encontro entre os dois chefes de Estado e de Governo em Atenas, que não podia ter sido mais otimista.
Longas conversações e uma visita de regresso
Mitsotakis e Erdogan falaram durante tanto tempo que as declarações conjuntas foram adiadas. Mitsotakis e Erdogan assinaram uma declaração de "relações amistosas e de boa vizinhança", informou depois Mitsotakis, visivelmente orgulhoso. Erdogan também pareceu satisfeito e confirmou que as conversações tinham sido muito produtivas. Convidou Mitsotakis para uma nova visita. Ao mesmo tempo, vários ministros dos dois países reuniram-se e acordaram medidas em domínios como o comércio, o turismo, a migração, a energia e a tecnologia.
Foi o primeiro "Conselho de Alta Cooperação" desde há muito tempo - uma espécie de reunião de trabalho entre os dois países ao mais alto nível, que não se realizava desde 2016 devido aos muitos conflitos. Os ministros apresentaram medidas concretas de aproximação. Entre outras coisas, foi acordado duplicar o volume de comércio entre os dois países vizinhos e membros da NATO para 10 mil milhões de dólares americanos (cerca de 9,3 mil milhões de euros) nos próximos cinco anos. Os cidadãos turcos também poderão obter vistos de uma semana para passarem férias em dez ilhas gregas próximas da costa turca sem qualquer problema. Atenas já tinha obtido autorização da UE para o efeito.
A declaração conjunta de amizade aponta na mesma direção: expressa o desejo de cooperação entre os dois governos, bem como o esforço para melhorar os laços económicos, que têm o potencial de aumentar significativamente a prosperidade na região. É igualmente importante cultivar um espírito de solidariedade e de apoio mútuo face aos numerosos desafios actuais.
Tons conciliatórios, mas persistem problemas fundamentais
Nem Erdogan nem Mitsotakis varreram para debaixo do tapete os problemas centrais - sobretudo as disputas sobre as zonas económicas exclusivas (ZEE) dos dois Estados e a exploração de gás natural no fundo do mar. Mas mostraram-se optimistas e até extremamente conciliadores.
"Somos dois países vizinhos que partilham o mesmo mar, a mesma localização geográfica, o mesmo clima e até a mesma cultura em muitos domínios", afirmou Erdogan. No entanto, mesmo entre irmãos pode haver divergências, tal como entre países vizinhos. Isso é normal. Mas: "O que conta é a vontade de as resolver. Queremos transformar o Egeu num mar de paz e cooperação". Os dois países podem ser um exemplo para o mundo. "Digo-o abertamente, não há nenhum problema entre nós que não possamos resolver", disse Erdogan.
Mitsotakis também se mostrou confiante. Nos últimos meses, por exemplo, verificou-se que a cooperação no domínio da migração já estava a funcionar muito melhor e que menos refugiados estavam a chegar à Grécia. "A próxima fase do diálogo político, se as condições forem adequadas, poderá ser uma aproximação na definição da plataforma continental e da Zona Económica Exclusiva no Egeu e no Mediterrâneo Oriental", afirmou. Era um dever histórico aproveitar a oportunidade para repor as relações bilaterais em águas mais calmas.
Resta saber se as garantias mútuas serão honradas e cumpridas. As promessas, os compromissos e os acordos foram feitos repetidamente ao longo de muitas décadas. No entanto, o Chefe de Governo grego anunciou que o Conselho de Alta Cooperação reunir-se-á anualmente no futuro.
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Fonte: www.stern.de