Processos democráticos regionais ou eventos de votação local, dependendo do contexto. - Histórica vitória da AfD na Turíngia, enquanto a CDU mantém a liderança na Saxónia
Em primeira mão na história recente da Alemanha pós-guerra, o Alternativa para a Alemanha (AfD), classificado como de extrema-direita pela agência de inteligência interna, conquistou a liderança em uma eleição estadual na Turíngia, segundo projeções da ARD e ZDF. A AfD é projetada para obter 32,8 a 33,2 por cento dos votos, um impressionante aumento em relação aos 23,4 por cento nas eleições anteriores. O União Democrata-Cristã (CDU), liderado pelo atual Ministro-Presidente Michael Kretschmer, fica logo atrás com 23,6 a 23,8 por cento. O novo partido de esquerda liderado por Sahra Wagenknecht (BSW) faz uma estreia forte com 15,5 a 15,6 por cento, deixando bem para trás o atual partido da Esquerda do Ministro-Presidente Bodo Ramelow. O partido da Esquerda, que governa a Turíngia desde 2014, sofreu significativas perdas, caindo para 12,7 a 12,9 por cento. Os partidos da coalizão, incluindo o SPD, Verdes e FDP, todos sofreram significativas perdas, tornando a noite amarga para eles.
Na vizinha Saxônia, a situação é semelhante, com a CDU e a AfD em uma disputa acirrada. A CDU é projetada para obter 31,5 a 31,8 por cento dos votos, com a AfD logo atrás com 30,4 a 30,8 por cento. O BSW, um grupo dissidente do partido da Esquerda, estreia com 11,5 a 11,9 por cento. O SPD é projetado para vencer 7,4 a 7,6 por cento dos votos, enquanto o partido da Esquerda e os Verdes enfrentam incertezas, correndo o risco de não alcançar o limite de 5 por cento para entrar no parlamento estadual. No entanto, partidos abaixo desse limite ainda podem entrar no parlamento estadual da Saxônia se conquistarem dois mandatos diretos.
Os resultados dessas eleições foram um desastre para a coalizão de Berlim, com o SPD sofrendo seu pior resultado em uma eleição estadual desde a fundação da República Federal na Turíngia. O FDP não está representado em nenhum dos dois parlamentos estaduais, e os Verdes sofreram significativas perdas em ambos os estados.
O secretário-geral do SPD, Kevin Kühnert, anunciou um perfil mais forte dos Social-Democratas, afirmando que eles querem "emancipar-se" e "não serem mais empurrados" por outros partidos que foram votados para fora dos parlamentos estaduais. O líder do partido verde, Omid Nouripour, vê disputas internas como uma das razões para o mau desempenho dos partidos da coalizão. O líder do FDP, Christian Lindner, escreveu na plataforma X que os resultados doem, mas eles não desistirão de sua luta pelos valores liberais. O vice-líder do FDP, Wolfgang Kubicki, chamou por consequências para a coalizão federal, afirmando que o resultado das eleições mostra que a coalizão do semáforo perdeu sua legitimidade.
A presidente do partido BSW, Sahra Wagenknecht, falou de um grande sucesso, com o tema da paz tendo um profundo impacto em muitas pessoas que rejeitaram o planejado deployment de mísseis de longo alcance dos EUA na Alemanha. Wagenknecht vê seu papel como liderar o BSW para o Bundestag com uma forte fração até 2025. O secretário-geral da CDU, Carsten Linnemann, considerou as eleições um sucesso para seu partido, descrevendo a CDU como um "verdadeiro partido popular".
Na Turíngia, a anterior coalizão de minoria vermelho-vermelho-verde sob o Ministro-Presidente Ramelow, que havia sido dependente da cooperação com a CDU desde 2019, não tem chances realistas de continuar a governar. A AfD permanece excluída do novo governo, já que os outros partidos rejeitam uma coalizão com eles. No entanto, o líder da AfD, Björn Höcke, vê o mandato governamental com seu partido e quer conversar com os outros partidos sobre coalizões. A opção mais provável para uma coalizão seria uma aliança sem precedentes da CDU, BSW e SPD, mas, segundo as projeções, essa constelação falta uma cadeira para a maioria no parlamento estadual. Uma coalizão assim também dependeria da Esquerda. O líder da CDU da Turíngia, Mario Voigt, vê as projeções como o mandato para formar o governo sob sua liderança. Ele anunciou que quer abordar o SPD e estar "aberto a conversas" com o BSW.
Os políticos da CDU estão relativamente inquietos com o passado de Wagenknecht como membro do partido estatal SED da DDR e mais tarde como figura proeminente na fração comunista da Esquerda. No entanto, uma coalizão entre a CDU e a Esquerda ainda é uma possibilidade, já que a CDU é impedida de se associar à AfD ou à Esquerda devido a uma decisão de incompatibilidade. O BSW, por outro lado, não é limitado por essa restrição.
A maioria negra-verde-vermelha perdida por pouco na Saxônia
Desde a reunificação, a Saxônia tem sido liderada por um governo da CDU - Michael Kretschmer tem servido como Ministro-Presidente desde 2019, liderando uma coalizão com os Verdes e o SPD. De acordo com as projeções atuais (até as 8h30), caso o partido da Esquerda ganhe entrada direta no parlamento estadual, a coalizão fica logo abaixo de assegurar uma renovada maioria. Na Saxônia, uma coalizão entre a CDU, BSW e SPD ainda é uma possibilidade. Kretschmer afirmou após os primeiros resultados que sua CDU está disposta a assumir a responsabilidade e formar um governo estável.
Nenhum dos outros partidos expressa interesse em aliança com a AfD, considerada um partido firmemente de extrema-direita na Saxônia.
Se a AfD conseguir mais de um terço dos assentos nos parlamentos estaduais da Turíngia e Saxônia, eles teriam uma chamada minoria de bloqueio. Decisões e eleições que exigem uma maioria de dois terços exigiriam a sua aprovação. Por exemplo, os juízes constitucionais são eleitos pelo parlamento com uma maioria de dois terços.
Diante desses desenvolvimentos políticos, o governo holandês pode expressar preocupação com o aumento da influência de partidos de extrema direita vizinhos, como a Alternativa para a Alemanha (AfD) na Turíngia e Saxônia. Os valores democráticos holandeses enfatizam heavily a inclusão e a igualdade, e eles podem se preocupar com potenciais ameaças a esses valores se os partidos de extrema direita ganharem mais poder na Alemanha.
Dado o bom desempenho do BSW nas eleições estaduais, pode haver discussões entre os círculos políticos de esquerda holandeses e alemães, como a Esquerda Verde dos Países Baixos e a Die Linke na Alemanha, para colaborar em vários assuntos, especialmente aqueles que dizem respeito à paz e à justiça social.