- Deepfakes originários de Moscou: Estados Unidos tomam medidas contra manipulação eleitoral
Os Estados Unidos acusam a Rússia de interferir em sua atual campanha presidencial e retaliou com um conjunto de sanções. Várias pessoas e organizações, incluindo representantes da RT da emissora estatal russa, foram penalizadas pelos EUA. O Departamento de Estado dos Estados Unidos declarou que limitaria vistos para trabalhadores de organizações de mídia apoiadas pelo Kremlin ligadas a tentativas secretas de influência. Além disso, o governo dos EUA anunciou uma recompensa por informações sobre um grupo de hackers russos acusado de interferência eleitoral.
Acusações sérias contra Moscou - diretamente do alto escalão
De acordo com a análise do governo dos EUA, as tentativas de manipulação vêm dos mais altos níveis em Moscou. O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, alegou que o círculo interno em torno do chefe do Kremlin, Vladimir Putin, instruiu agências de relações públicas russas a disseminar desinformação e narrativas patrocinadas pelo estado como parte de uma campanha para influenciar as eleições presidenciais dos EUA em 2024.
O Departamento do Tesouro afirmou que atores apoiados pelo estado russo vinham empregando diversos métodos, como inteligência artificial, deepfakes e desinformação direcionada, há muito tempo para minar a confiança nos processos e instituições relacionados às eleições nos EUA. Em meados de 2024, a liderança da RT supostamente começou a recrutar secretamente influenciadores americanos do meio social sem seu conhecimento para tentativas de influência. A RT usou uma empresa de fachada para ocultar sua participação ou a do governo russo.
O objetivo principal dessas tentativas de influência por meio de vários métodos também era disseminar a propaganda do governo russo nos EUA e minar o apoio à Ucrânia, que está sob ataque da Rússia.
O diretor de comunicações do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, declarou: "A RT não é mais apenas uma ferramenta de propaganda do Kremlin". A emissora está sendo usada para avançar tentativas de influência secreta da Rússia. O objetivo é semear discórdia, disseminar desinformação e propagar narrativas favoráveis à Rússia enquanto prejudica a Ucrânia.
Entre os afetados pelas sanções estão a editora-chefe da RT, Margarita Simonian, e outros membros da liderança da emissora. Como resultado das sanções, quaisquer ativos pertencentes às pessoas alvo nos EUA serão congelados. As transações comerciais com eles serão proibidas para cidadãos dos EUA. As transações comerciais internacionais também se tornarão significativamente mais difíceis para aqueles atingidos pelas sanções.
Um problema em andamento
Moscou já havia interferido em eleições americanas, de acordo com declarações oficiais americanas. De acordo com as agências de inteligência dos EUA, a Rússia apoiou o republicano Donald Trump nas eleições de 2020 enquanto prejudicava o democrata Joe Biden. A Rússia também interferiu nas eleições de 2016 para apoiar Trump e frustrar a democrata Hillary Clinton, de acordo com as agências de segurança dos EUA. Um procurador especial investigou mais tarde uma possível coordenação ilegal entre a Rússia e a equipe de Trump, mas não encontrou provas substanciais.
Kirby destacou que as contra-medidas do governo dos EUA visam tornar essas tentativas de influência mais difíceis. "Isso tornará completamente impossível? Provavelmente não, pois eles encontrarão brechas."
Não o único problema
Kirby enfatizou que a Rússia não é o único país tentando desestabilizar a democracia americana. Garland também alertou sobre as atividades cada vez mais agressivas do Irã durante a atual campanha eleitoral.
As agências de inteligência dos EUA recentemente acusaram o Irã de invadir as comunicações internas da equipe de campanha de Trump. Os iranianos supostamente tentaram acessar indivíduos com ligações diretas às equipes de campanha republicana e democrata. "Essas atividades, incluindo roubos e vazamentos, visam influenciar o processo eleitoral dos EUA", afirmou um relatório da agência de segurança. O Irã está tentando "semear discórdia e minar a confiança em nossas instituições democráticas". Recentemente, até a equipe de campanha da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, relatou estar sob um ataque cibernético estrangeiro.
As sanções do Departamento de Estado dos EUA contra organizações de mídia apoiadas pelo Kremlin especificamente visam aquelas do Kremlin. O grupo de hackers russos acusado de interferência eleitoral é supostamente operado a partir do Kremlin.