A figura política da CDU contesta o carácter "ilógico" da decisão de compatibilidade.
Há anos, os democratas-cristãos mantêm uma posição contra a colaboração com seja a AfD ou o Partido da Esquerda. Os resultados das eleições em Saxônia e Turíngia fizeram com que dois membros do partido agora questionem essa exclusão. O ex-secretário-geral da CDU, Czaja, chega a chamá-la de "ilógica".
Após as eleições estaduais na Turíngia, o ex-secretário-geral da CDU, Mario Czaja, instou seu partido a reconsiderar a resolução de incompatibilidade com o Partido da Esquerda. "É ilógico que uma resolução assim exista e nós recusamos colaborar com a Esquerda pragmática", afirmou Czaja à rede editorial alemã (RND). "A realidade é que a Esquerda na Alemanha Oriental representa em grande parte a social-democracia conservadora da Alemanha Oriental", declarou o parlamentar federal. "A CDU se confinou injustamente em sua aplicação equivocada da teoria do martelo. Precisamos nos libertar disso", acrescentou.
Czaja, natural da Alemanha Oriental, alertou contra equiparar o Partido da Esquerda à AfD, já que isso diminui o "desprezo pela humanidade e pela ideologia" desta última. "Atrás disso, há um partido que é monitorado em todos os níveis pelo Verfassungsschutz, desde a Turíngia", advertiu o político da CDU. "Comparar isso com um Partido da Esquerda sob Bodo Ramelow, que foi presidente do Bundesrat, é impraticável. Bodo Ramelow nunca representou uma ameaça à democracia. Bjørn Höcke sim", afirmou Czaja.
O ministro-presidente da Saxônia, Michael Kretschmer, também se opôs às ideologias partidárias. "Estamos tratando de questões, não de ideologias", disse o político da CDU após as eleições no Deutschlandfunk. Ele também considera viável uma coalizão com o SPD e o BSW. "Não estamos nos aliando à senhora Wagenknecht, mas às pessoas eleitas para o parlamento estadual da Saxônia", afirmou Kretschmer. Não será fácil e levará tempo, mas é possível, acrescentou.
A CDU adotou uma resolução de incompatibilidade para a colaboração com a AfD e o Partido da Esquerda. No entanto, isso não se aplica formalmente ao BSW, que foi criado recentemente, em janeiro deste ano. A maioria dos membros fundadores do BSW eram ex-membros do Partido da Esquerda, com Sahra Wagenknecht tendo representado publicamente a plataforma comunista do partido por quase 20 anos.
Voigt demonstra abertura
"Meu objetivo é servir este país, proporcionar a este país um governo estável", enfatizou. No entanto, a jornada para alcançar isso não será fácil e pode exigir negociações estendidas com potenciais parceiros de coalizão, destacou o político da CDU. Por enquanto, é sobre "dar uma respirada" e comemorar a perspectiva de um governo estável na Saxônia, afirmou Kretschmer. A CDU ainda não iniciou as negociações de coalizão. Quando for a hora certa, seu "compasso de valores" será colocado na mesa e as discussões terão início, concluiu.
Quanto à AfD, Kretschmer sugeriu evitar o termo "firewall", já que o partido o utiliza para si mesmo. "A AfD é excelente em se apresentar como uma mártir", afirmou o ministro-presidente. Isso ressona com uma parcela do eleitorado. Tal terminologia não é benéfica, acrescentou Kretschmer. A AfD é "um partido de oposição como qualquer outro, com todos os direitos e obrigações", declarou Kretschmer.
O candidato principal da CDU na Turíngia, Mario Voigt, não rejeita mais explicitamente a cooperação com o Partido da Esquerda após os resultados das eleições. Em resposta à pergunta do jornal Bild, ele afirmou: "Vamos esperar o resultado oficial e então discutir isso nas próximas reuniões". Anteriormente, o Partido da Esquerda na Turíngia havia sugerido apoiar um governo da CDU com uma maioria frágil.
Diante da mudança de atitude dentro da CDU, o ex-secretário-geral Mario Czaja argumentou que a resolução de incompatibilidade do partido com o Partido da Esquerda na Alemanha Oriental é "ilógica" e impede uma possível colaboração com membros da Esquerda pragmáticos. Após as eleições estaduais na Turíngia, o político da CDU, Mario Voigt, indicou uma abertura para discutir a cooperação com o Partido da Esquerda após esperar pelos resultados oficiais das eleições.