O chefe da ONU para o clima considera o projeto final "um saco de lixo"
Na conferência sobre o clima, no Dubai, está a decorrer um debate aceso sobre a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. A UE e os EUA são a favor, a Arábia Saudita e a Índia estão a mostrar resistência. A meio caminho, o principal enviado da ONU para o clima alerta para a necessidade de adotar apenas o denominador mais baixo em vez das ambições mais elevadas.
Na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, realizada no Dubai, o responsável pelo clima, Simon Stiell, usou palavras claras para exortar os quase 200 países a serem mais ambiciosos. "Sejamos honestos: As boas intenções, por si só, não reduzirão as emissões para metade nesta década, nem salvarão vidas aqui e agora", afirmou. O atual rascunho do documento final, conhecido na gíria das Nações Unidas como "balanço global", é um "saco de desejos", criticou. "As partes negociadoras têm de resolver esta questão e anunciar o fim da era dos combustíveis fósseis tal como a conhecemos com uma declaração clara".
Isto significa decidir formalmente a eliminação progressiva do carvão, do petróleo e do gás. Atualmente, cerca de 100 países apoiam esta ideia na conferência, mas há resistência. De acordo com informações de organizações ambientais, o Estado petrolífero da Arábia Saudita e a Índia, que depende fortemente do carvão, estão entre os que se opõem a um compromisso de eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. As equipas precisam de ordens de marcha claras: O que está em causa são as ambições mais elevadas e não os denominadores comuns mais baixos. "No final da próxima semana, a COP28 deverá apresentar um comboio de alta velocidade para acelerar a proteção do clima. Mas, atualmente, temos um comboio velho e lento a andar sobre carris instáveis. Mas as ferramentas estão todas em cima da mesa, as tecnologias e as soluções estão disponíveis", afirmou Stiell, diretor do Secretariado das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC).
Otimismo cauteloso da Alemanha
O Comissário Europeu Wopke Hoekstra também afirmou que ainda há muito a fazer na reunião da ONU, que termina na terça-feira. Até 2025, o mais tardar, o mundo deverá atingir o pico das emissões nocivas para o clima e reduzir as emissões em 43% até 2030. "O ponto de atrito, sobre o qual todos estamos a falar, é a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis", afirmou. Quero que esta Conferência das Partes marque o início do fim dos combustíveis fósseis", afirmou. A delegação alemã manifestou um otimismo cauteloso. "Um bom resultado é possível, mas não será fácil", disse a enviada alemã para o clima e secretária de Estado do Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros, Jennifer Morgan.
Para além da UE, os EUA também se comprometeram a eliminar progressivamente os combustíveis fósseis, como o carvão, o petróleo e o aço. Não há outra forma de reduzir os gases com efeito de estufa, prejudiciais ao clima, para quase zero até 2050, afirmou o enviado dos EUA para o clima, John Kerry, no Dubai. No entanto, em alguns sectores, os combustíveis fósseis continuarão a ser necessários num futuro previsível, por exemplo, na produção de cimento e de aço. No entanto, o dióxido de carbono terá de ser capturado e armazenado. Relativamente à resistência da Arábia Saudita e da Índia, Kerry afirmou: "É altura de os adultos se comportarem como adultos".
Só na terça-feira é que o relatório sobre o orçamento global do carbono mostrou que as emissões de CO2 continuam a aumentar. Prevê-se que atinjam um nível recorde de 36,8 mil milhões de toneladas em 2023. Este valor é 1,1 por cento superior ao registado em 2022 e 1,4 por cento superior ao registado no ano pré-corona de 2019.
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Fonte: www.ntv.de