Nollywood pretende se tornar um fenômeno cultural global como Afrobeats
Como a terceira maior indústria cinematográfica do mundo em número de filmes produzidos anualmente, a Nollywood é há muito tempo uma força cultural significativa na África.
As raízes da indústria remontam aos primeiros anos da década de 1990, quando cineastas empreendedores começaram a produzir filmes de baixo orçamento, direto para vídeo, que ressoaram profundamente com o público local.
Ao longo dos anos, a Nollywood evoluiu, abraçando valores de produção mais altos e narrativas mais diversas, capturando a atenção de audiência globais e gigantes de streaming como a Netflix e a Amazon.
Aspirações globais
Hoje, a Nollywood não é apenas sobre entretenimento; é sobre representação cultural e contação de histórias em grande escala. "Chegou a hora do mundo receber nossas histórias e conteúdo", diz Toyosi Etim-Effiong, uma figura chave da indústria e fundadora da agência de gerenciamento de talentos That Good Media.
O sucesso global do Afrobeats, com artistas como Burna Boy, Wizkid e Davido alcançando reconhecimento internacional, serve como tanto uma inspiração quanto um modelo para a Nollywood, diz Etim-Effiong, que levou uma delegação de estrelas da Nollywood ao Festival de Cinema da Essence nos últimos três anos.
"O Afrobeats fez maravilhas pelo continente, e acredito que é hora de mais parcerias na indústria do cinema e da TV. Nossas histórias têm temas universais e insights culturais únicos que ressoam com audiências em todo o mundo", ela disse à CNN no Festival da Essência realizado em Nova Orleans e agora em sua 30ª edição.
Da mesma forma, a Nollywood visa cativar audiências globais, não apenas com entretenimento, mas também ao compartilhar a cultura e as histórias africanas em uma escala maior, acrescenta Etim-Effiong.
Nollywood no Festival de Cinema da Essência
No Festival de Cinema da Essência, uma adição recente ao festival mais amplo que celebra a cultura e os feitos negros, estrelas e stakeholders da Nollywood discutiram sua visão para a expansão internacional.
O festival proporcionou uma plataforma proeminente para a Nollywood exibir seu potencial e participar de diálogos significativos sobre o futuro da indústria.
"É importante para mim que as histórias nigerianas e africanas sejam contadas de uma forma que seja autêntica para nós", diz Etim-Effiong. "Eu facilito oportunidades como essa onde nossas histórias, conteúdo e principais players podem ter um lugar à mesa... desse jeito o resto do mundo fica sabendo sobre nós e nós descobrimos como somos semelhantes (ao resto do mundo). A Nollywood está aberta para parcerias."
Estrelas veteranas da Nollywood como Omotola Jalade-Ekeinde e Uche Jombo, junto com novos talentos como a estrela infantil Simisola Gbadamosi e o galã da Nollywood Eso Dike, participaram de um painel sobre a importância de pontear culturas através da contação de histórias.
Jalade-Ekeinde, membro da Academia, o corpo de votação dos prêmios Oscar, enfatizou a importância de retratar realidades africanas.
"Estamos contando nossas histórias e definindo como queremos ser vistos", ela disse. "Estou há muito tempo defendendo nossas vozes serem ouvidas e respeitadas. Chegou a hora da mudança."
Gbadamosi, de 13 anos, fresca de seu papel na primeira colaboração de animação africana da Disney, "Iwaju", ecoou esses sentimentos, destacando o papel da indústria em fornecer narrativas autênticas, uma que ela espera contribuir como escritora um dia.
"Tenho muitas ideias de histórias na minha cabeça que gostaria de criar no futuro", ela disse à CNN.
Empurrando os limites
A indústria não é apenas sobre suas estrelas; também é sobre os diretores e produtores inovadores que estão empurrando os limites do que a Nollywood pode alcançar. Editi Effiong é uma dessas pessoas, cujo filme de vingança "The Black Book" estabeleceu novos padrões para a indústria.
Produzido com um orçamento modesto de US$ 1 milhão (um recorde na época para a Nollywood), o filme chegou ao terceiro lugar na lista de filmes globais da Netflix em 2023, com mais de 20 milhões de visualizações em todo o mundo.
"Passamos tempo nos roteiros, passamos cerca de dois anos escrevendo e preparando o roteiro. Geralmente, os filmes da Nollywood são filmados em duas a três semanas. Nós filmamos isso em quatro meses", ele disse.
Effiong atribui o sucesso do filme à planejamento meticuloso e ao compromisso com a qualidade: "Fizemos tudo aos mais altos padrões, desde a redação do roteiro até a filmagem", ele disse ao The Hollywood Reporter.
A história de sucesso de Effiong exemplifica a nova onda de cineastas da Nollywood que não têm medo de investir tempo e recursos na criação de produções de alta qualidade que possam concorrer no palco global.
Veterano da indústria cinematográfica Moses Babatope recentemente anunciou o lançamento do Nile Media Entertainment Group, um novo estúdio de produção e distribuição liderado por um time todo de executivas femininas.
Através de seu papel como co-fundador da FilmOne, Babatope teve um papel fundamental em levar filmes nigerianos ao palco global. Seu trabalho expandiu o alcance da Nollywood e ele já assinou acordos com a Disney, a Netflix, a Prime Video e a Warner Bros. (Warner Bros. Discovery é a empresa-mãe da CNN e da Warner Bros.).
Como Etim-Effiong da That Good Media coloca: "A Nollywood não tem falta de talento e ambição e há muito desenvolvimento e investimento acontecendo agora. Nosso momento chegou."
O sucesso global da Nollywood em capturar a atenção de gigantes de streaming como a Netflix e a Amazon é um testemunho de seu potencial para representar a cultura e as histórias africanas em uma escala maior, alinhando-se com o mundo. Toyosi Etim-Effiong, uma figura chave da indústria, acredita que os feitos dos artistas do Afrobeats podem servir como um modelo para a Nollywood, fomentando mais parcerias na indústria do cinema e da TV.
Colaborações e plataformas como o Festival de Cinema Essence oferecem uma oportunidade para a Nollywood engajar-se em diálogos significativos sobre seu futuro e exibir seu potencial a uma audiência global. Omotola Jalade-Ekeinde, membro da Academia, enfatiza a importância de retratar realidades africanas e defender que vozes sejam ouvidas e respeitadas.