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Guerra de Gaza: Israel está a violar o direito internacional?

As condições na Faixa de Gaza tornaram-se insuportáveis para muitas pessoas. No entanto, Israel não desiste da sua luta contra o Hamas islâmico. Qual é a situação legal?

Um helicóptero militar israelita voa perto da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza. O exército....aussiedlerbote.de
Um helicóptero militar israelita voa perto da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza. O exército israelita prossegue os seus ataques contra a faixa costeira. Fotografia.aussiedlerbote.de

Médio Oriente - Guerra de Gaza: Israel está a violar o direito internacional?

À primeira vista, a resposta parece simples para muitos. O sofrimento dos civis na Faixa de Gaza é tão grande que Israel está claramente a violar o direito internacional humanitário com os seus bombardeamentos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) também vê muitos sinais de que essa acusação é justificada. Ao mesmo tempo, é indiscutível, à luz do direito internacional, que Israel tem o direito à auto-defesa, na sequência do sangrento ataque terrorista organizado pelo Hamas islâmico em 7 de outubro. A questão de saber se os requisitos do direito internacional estão a ser cumpridos depende de informações que atualmente são quase impossíveis de obter de forma independente.

O bombardeamento da Faixa de Gaza, com milhares de vítimas civis, constitui uma violação do direito internacional humanitário?

A resposta exige uma análise exacta. Atualmente, a situação está a ser avaliada principalmente com base nas informações fornecidas pelas partes em conflito. Em princípio, o direito internacional humanitário protege os civis e os objectos civis. Ao empreender uma ação militar, os militares devem, entre outras coisas, observar estritamente a proporcionalidade dos meios. Não existe uma fórmula para determinar quando é violada a proporcionalidade entre as vítimas civis e o objetivo militar alcançado. A tentativa de eliminar a liderança do Hamas pode justificar mais baixas civis do que um ataque a soldados comuns.

Como se pode avaliar o facto de Israel, de acordo com as suas próprias declarações, estar a tentar limitar o número de vítimas civis através de corredores de fuga e avisos?

Ao abrigo do direito internacional, existe a obrigação de avisar os civis de que um ataque militar está iminente. Isto pode ser feito através de mensagens de texto, folhetos ou outros meios. Se os civis não derem ouvidos ao aviso e ao pedido para abandonarem a área, isso não altera o seu estatuto. Continuam sempre a ser civis. A eficácia dos avisos e ofertas de fuga e a questão de saber se cumprem os requisitos do direito internacional humanitário é atualmente objeto de controvérsia e debate entre os especialistas em direito internacional. Uma avaliação exaustiva exige uma análise precisa das circunstâncias específicas e do desenrolar das operações militares.

Como deve ser avaliada a utilização de escudos humanos?

A utilização de escudos humanos é geralmente considerada como uma violação grave do direito internacional humanitário. A utilização de civis para proteger alvos militares é um crime de guerra. A utilização de escudos humanos é objeto de uma condenação internacional generalizada.

A proteção absoluta aplica-se aos hospitais ou podem ser aceites baixas civis se os adversários militares estiverem aí entrincheirados?

O princípio da proteção absoluta das instalações médicas significa que estas não podem ser atacadas - a menos que sejam utilizadas indevidamente para actos hostis. Um hospital a partir do qual os combatentes estão a disparar ou a lançar foguetes pode tornar-se um alvo militar. Se o inimigo estiver escondido dentro ou debaixo do edifício, este não pode ser atacado, afirma Yvonne Karimi-Schmidt, especialista em direito internacional, baseada em Graz. A proteção dos civis e das instalações civis tem prioridade e espera-se que as partes em conflito façam tudo o que for possível para proteger as instalações médicas e o seu pessoal.

Qual é a opinião atual de Israel?

O antigo Procurador-Geral Avichai Mandelblit salienta que, quando se trata da questão da proporcionalidade dos ataques, cada ataque é considerado individualmente e não o número total de civis mortos. Fala de uma "guerra assimétrica" com o Hamas. Como Estado democrático, Israel está comprometido com as regras da guerra, enquanto o Hamas as viola, por exemplo, abusando de civis como escudos ou disparando rockets contra centros populacionais israelitas. Os juristas estão sempre envolvidos nas decisões sobre os ataques israelitas e podem pronunciar-se sobre a proporcionalidade. No entanto, a decisão final é tomada por um comandante.

E quanto ao fornecimento de ajuda?

Seja como potência ocupante ou como parte beligerante, Israel deve sempre autorizar a entrega de ajuda humanitária, como alimentos, água e medicamentos. No entanto, estas medidas não substituem a proteção básica e o respeito dos direitos humanos. De acordo com Karimi-Schmidt, a aprovação da entrega de ajuda por parte de Israel é um passo positivo no sentido de satisfazer as necessidades humanitárias da população da Faixa de Gaza.

Que perigos jurídicos ou políticos é que Israel vê?

Mandelblit sublinha que a morte de civis não é do interesse de Israel, pelo contrário, favorece o Hamas. Por isso, o Hamas prefere uma guerra em zonas residenciais densamente povoadas a um conflito em território aberto. "Se matarmos civis, se atacarmos hospitais e mesquitas que gozam de proteção especial, temos de provar que eram alvos militares, se não, perdemos a guerra, perdemos nos meios de comunicação social e no plano jurídico", diz. Se a legitimidade da ação militar for posta em causa, "o mundo vai parar-vos".

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Fonte: www.stern.de

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