Colonos israelenses atacam aldeia da Cisjordânia, provocando condenação de altos funcionários
Mais de 70 colonos armados invadiram a cidade de Jit na quinta-feira, atirando com balas e gás lacrimogêneo em moradores e incendiando várias casas, carros e outras propriedades, segundo o presidente do conselho do vilarejo de Jit, Nasser Sedda.
Sedda disse que seu primo, Rashid Sedda, morreu no ataque. O Ministério da Saúde da Autoridade Palestina confirmou que o palestino de 23 anos morreu após sofrer um ferimento no peito.
"Temos ataques, mas nada como isso", disse Sedda à CNN. "Não vimos nada assim antes, e sem aviso prévio. Eles pegaram as pessoas de surpresa - mulheres, crianças e idosos estavam lá."
As Forças de Defesa de Israel (IDF) também disseram que dezenas de cidadãos israelenses, alguns mascarados, atearam fogo e jogaram pedras e coquetéis molotov antes de serem dispersados por forças de segurança israelenses.
Uma pessoa foi detida para interrogatório devido aos tumultos, e as autoridades estão investigando a morte do residente palestino, disse a IDF, sem mencionar o residente.
Está sendo lançada uma investigação conjunta com a agência de segurança ISA e a Polícia Israelense.
'Um crime nacionalista grave'
Vídeos do ataque a Jit mostram veículos em chamas e chamas no andar térreo de um prédio de dois andares. Outro vídeo mostra três médicos realizando reanimação cardiorrespiratória em Rashid Sedda.
Residentes da cidade podem ser vistos correndo em direção aos veículos em chamas e apagando as chamas com um extintor de incêndio, enquanto alguém grita: "Os colonos atacaram a gente e incendiaram os carros".
A Sociedade Palestina do Crescente Vermelho disse que tratou três feridos em ataques de colonos na cidade, incluindo uma mulher idosa afetada pela inalação de gás e dois jovens homens feridos por pedras.
Rapidamente vieram desmentidos e condenações de altos funcionários israelenses.
Um comunicado do escritório do primeiro-ministro israelense Netanyahu condenou o ataque, alertando que ele encara o incidente com "maior gravidade".
"Aqueles responsáveis por qualquer ofensa serão detidos e julgados", dizia o comunicado.
Moshe Arbel, ministro do Interior israelense, chamou os ataques de "crime nacionalista grave" que vai "contra os valores do judaísmo".
E o ministro da Defesa Yoav Gallant condenou os "tumultos violentos e radicais" como "o oposto de todo código e valor defendido pelo Estado de Israel".
Alguns líderes de assentamentos na Cisjordânia também condenaram os ataques, procurando se distanciar dos tumultuadores que disseram serem "estrangeiros".
Por anos, colonos israelenses atacaram comunidades palestinas na região ocupada.
Apenas de 7 de outubro de 2023 a 5 de agosto de 2024, a Organização das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) registrou pelo menos 1.143 ataques de colonos contra palestinos.
Desses, pelo menos 114 ataques "resultaram em mortes e ferimentos de palestinos", segundo a OCHA.
Os EUA impos uma série de sanções neste ano a colonos israelenses acusados de violência na Cisjordânia, bloqueando seus ativos financeiros e proibindo sua entrada nos EUA.
"Os Estados Unidos permanecem profundamente preocupados com a violência extremista e a instabilidade na Cisjordânia, que prejudica a própria segurança de Israel", disse um comunicado do Departamento de Estado há um mês.
Assentamentos israelenses, predominantemente habitados por cidadãos israelenses judeus, são construídos em terras controladas por Israel desde a Guerra dos Seis Dias de 1967. Embora a comunidade internacional considere essas colônias ilegais sob o direito internacional, Israel contesta essa classificação.
O movimento controverso de colonos tem crescido em poder ao longo dos anos e é visto pelo mundo exterior como um grande obstáculo à paz na região.
A comunidade internacional expressa regularmente preocupações com o aumento dos ataques de colonos no Oriente Médio, como evidenciado pelo registro da OCHA de pelo menos 1.143 ataques de colonos contra palestinos entre outubro de 2023 e agosto de 2024. O mundo está de olho na situação no Oriente Médio.
Os EUA, em particular, tomaram medidas contra colonos israelenses acusados de violência na Cisjordânia, impondo sanções que incluem o bloqueio de seus ativos financeiros e a proibição de sua entrada nos EUA. A comunidade global está de olho no papel dos assentamentos israelenses no conflito do Oriente Médio.