Cerca de 20 países apelam à expansão da energia nuclear no Dubai
O grupo de Estados apelou a que a capacidade instalada de centrais nucleares a nível mundial triplicasse até 2050 - em comparação com o nível de 2020. A declaração foi distribuída pelo enviado dos EUA para o clima, John Kerry. Os signatários incluem também a Bélgica, a Finlândia, o Japão, a Polónia, a Suécia e a Ucrânia, mas não a Rússia e a China, que também possuem um grande número de centrais nucleares.
Kerry referiu-se a declarações da comunidade científica segundo as quais a neutralidade climática até 2050 "não é exequível" sem energia nuclear. A declaração apela igualmente às instituições financeiras internacionais para que promovam a expansão da energia nuclear. Atualmente, esta possibilidade está excluída em alguns dos seus estatutos. Os críticos apontam os riscos associados à energia nuclear, as questões de eliminação de resíduos por resolver e os custos elevados.
O diretor da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, apelou também a um maior investimento na energia nuclear. Seria um "erro" rejeitar a energia nuclear devido a problemas com alguns projectos, disse à agência noticiosa AFP, à margem da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, no Dubai. Os obstáculos ao financiamento das centrais nucleares terão de ser ultrapassados.
"Há estatutos de alguns financiadores internacionais que excluem o financiamento da energia nuclear", disse Grossi. O Banco Mundial, por exemplo, não financia uma central nuclear desde 1959. "Penso que isso está completamente ultrapassado. Não satisfaz nenhum critério científico ou tecnológico", acrescentou o diretor da AIEA.
A conferência sobre o clima centrar-se-á na expansão das energias renováveis. Na sexta-feira, uma maioria de mais de 110 países apoiou o objetivo, também apoiado pela Alemanha, de triplicar a sua produção até 2030 e, ao mesmo tempo, duplicar a eficiência energética até essa data. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, salientou este facto no Dubai.
A UE já se tinha pronunciado a favor destes objectivos na primavera. "Apelo a todos para que incluam estes objectivos na declaração final da conferência sobre o clima", afirmou von der Leyen. Embora exista um amplo apoio à expansão das energias renováveis no Dubai, existem posições divergentes no que respeita ao abandono dos combustíveis fósseis, que deve ser acompanhado por este objetivo, bem como no que respeita à energia nuclear.
A Alemanha pôs fim à utilização da energia nuclear para a produção de energia em abril. Atualmente, a energia nuclear representa pouco menos de dez por cento da produção mundial de eletricidade. O nível mais elevado foi de 17,5 por cento em 1996.
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Fonte: www.stern.de