Azerbaijão e Arménia acordam troca de prisioneiros e trabalham para um acordo de paz
O Azerbaijão vai libertar 32 prisioneiros de guerra para a Arménia em troca de dois, todos membros das forças armadas, de acordo com uma declaração conjunta publicada pela agência noticiosa estatal do Azerbaijão, AZERTAC.
"A República da Arménia e a República do Azerbaijão partilham a opinião de que existe uma oportunidade histórica para alcançar uma paz há muito esperada na região. Os dois países reafirmam a sua intenção de normalizar as relações e de chegar a um tratado de paz com base no respeito pelos princípios da soberania e da integridade territorial", lê-se na declaração. O avanço surge após conversações entre os gabinetes do Presidente azerbaijanês e do Primeiro-Ministro arménio.
"Foi alcançado um acordo sobre a adoção de medidas concretas para reforçar a confiança entre os dois países", lê-se no comunicado.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, afirmou que a troca de prisioneiros representava "uma importante medida de reforço da confiança", numa altura em que os dois países trabalham para um acordo de paz.
"Felicitamos o presidente do Azerbaijão (Ilham) Aliyev e o primeiro-ministro arménio (Nikol) Pashinyan pelos seus esforços conjuntos para lançar as bases de um futuro mais pacífico e próspero para o povo do Sul do Cáucaso", declarou Miller em comunicado. "Os Estados Unidos continuarão a apoiar firmemente os esforços para alcançar uma paz duradoura e digna".
"Estabelecer e aprofundar o diálogo bilateral entre as partes tem sido um objetivo fundamental do processo de Bruxelas liderado pela UE: o progresso de hoje é um passo fundamental", disse o Presidente do Conselho da UE, Charles Michel, no X. "Encorajo agora os líderes a finalizarem o (...) acordo de paz o mais rapidamente possível."
As nações vizinhas estão envolvidas num conflito de décadas sobre o Nagorno-Karabakh, uma região nas montanhas do Cáucaso.
Em setembro, o Azerbaijão recuperou o controlo de Nagorno-Karabakh, um enclave de etnia arménia situado no interior das suas fronteiras, após um ataque relâmpago que durou 24 horas.
O Nagorno-Karabakh é internacionalmente considerado parte do Azerbaijão, mas há décadas que está sob o controlo de separatistas arménios. A Arménia e o Azerbaijão já travaram duas guerras por causa do Nagorno-Karabakh desde o colapso da União Soviética, e os acordos de cessar-fogo entre ambos têm-se revelado frágeis.
No início deste ano, a Arménia reconheceu que a região fazia parte do Azerbaijão, mas ainda existem divisões quanto ao futuro do seu governo.
O último avanço no que respeita à troca de prisioneiros e à normalização dos laços ocorreu numa altura em que os delegados de ambos os países também participam nas conversações sobre o clima COP28 no Dubai.
O comunicado informava ainda que a Arménia se retiraria da corrida para acolher a cimeira anual sobre o clima, apoiada pela ONU, no próximo ano e que esperava que outros países apoiassem a candidatura do Azerbaijão.
Existe um vazio em relação ao anfitrião da cimeira COP29, em 2024, que deverá ter lugar na Europa de Leste, de acordo com as regras da ONU. Até quinta-feira, as duas nações tinham bloqueado a candidatura uma da outra no processo de votação.
O país anfitrião é decidido por votação entre as nações da região para o ano em causa. A Rússia votou contra várias nações que são membros ou aliados da União Europeia.
O Azerbaijão, que tem vindo a estreitar os seus laços com a Rússia, é um grande produtor de petróleo e gás. O petróleo e o gás representam quase metade do PIB do país e mais de 90% das suas exportações.
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Fonte: edition.cnn.com