Aumentam as tensões entre a Venezuela e a Guiana sobre a região fronteiriça rica em petróleo
O diferendo centra-se na região de Essequibo, que pertence à Guiana há mais de um século. A Venezuela também reivindica a área, que representa cerca de dois terços do território da Guiana, como sua.
"Juntamente com as Forças Armadas da Guiana, o Comando Sul dos EUA realizará operações aéreas na Guiana no dia 7 de dezembro", explicou a embaixada dos EUA em Georgetown. Os voos fazem parte de "compromissos e operações de rotina".
O Ministro da Defesada Venezuela, Vladimir Padrino López, condenou o anúncio no serviço online X, antigo Twitter, como uma "provocação" e falou de um "novo passo na direção errada". O seu país "não se deixará distrair" pela "recuperação" de Essequibo.
De acordo com o calendário atualizado do Conselho de Segurança da ONU, o órgão debaterá a questão à porta fechada na sexta-feira. Em carta à presidência do Conselho de Segurança, o ministro das Relações Exteriores da Guiana, Hugh Todd, falou de um "assunto sério que ameaça a paz e a segurança internacionais".
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou uma "preocupação" crescente com as tensões nas fronteiras do norte do seu país. Se há uma coisa que não queremos aqui na América do Sul, é a guerra", afirmou Lula numa reunião dos Estados sul-americanos do Mercosul. O exército brasileiro anunciou que iria reforçar a sua presença nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, no norte do país, para "garantir a inviolabilidade do território".
Vários países sul-americanos apelaram à Venezuela e à Guiana para que resolvessem o diferendo de forma pacífica. Numa declaração conjunta, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru advertiram contra "acções unilaterais" que poderiam "levar a tensões adicionais" e apelaram a ambas as partes para negociarem.
A Venezuela reivindica para si a região de Essequibo há mais de um século. Cerca de 125.000 dos 800.000 guianenses vivem na região. A Guiana, antiga colónia britânica e holandesa, recorda que a fronteira atual foi determinada por um tribunal de arbitragem em 1899. A Venezuela, por seu lado, alega que o rio Essequibo, a leste da região, constitui uma fronteira natural, reconhecida já em 1777.
Os desejos de Caracas aumentaram, em particular, depois de a companhia petrolífera ExxonMobil ter descoberto um depósito de petróleo na zona em 2015. Em outubro, foi feita outra descoberta significativa de petróleo na região, aumentando as reservas da Guiana para pelo menos dez mil milhões de barris - mais do que as do Kuwait, rico em petróleo, ou dos Emirados Árabes Unidos.
Mais de 10,4 milhões dos 20,7 milhões de venezuelanos com direito de voto participaram num referendo não vinculativo no domingo e votaram a favor da reivindicação da Venezuela sobre Essequibo. Pouco depois, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu que a região fosse declarada província venezuelana por lei e que fossem emitidas licenças para a produção de petróleo.
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Fonte: www.stern.de