A segunda maior autoridade da China viaja à Rússia para reforçar as relações, com o conflito na Ucrânia persistindo.
Li, o segundo em comando da China sob o líder Xi Jinping, se reunirá com o presidente russo Vladimir Putin e discutirá a colaboração China-Rússia e as ligações estratégicas com o primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin, de acordo com a agência de notícias estatal russa TASS, na quarta-feira.
Li expressou sua gratidão pelo relacionamento entre os dois países após sua chegada ao Aeroporto de Vnukovo, em Moscou, na terça-feira, recebido por oficiais russos e uma guarda de honra.
"As relações China-Rússia na era moderna exibem renovado vigor e vitalidade, com maior confiança política, cooperação bem-sucedida em vários setores, amizade profunda e colaboração internacional próxima e efetiva", afirmou Li em um comunicado à imprensa. Ele mencionou que a visita tinha como objetivo fortalecer os esforços cooperativos.
A visita do primeiro-ministro - para a reunião anual com o primeiro-ministro russo - marca a primeira visita de alto nível da China à Rússia desde que as forças ucranianas invadiram inesperadamente a região russa de Kursk há duas semanas.
A Rússia tem trabalhado diligentemente para repelir essa invasão, que marca a primeira vez que tropas estrangeiras pisam em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial, e ocorre sob pressão crescente para pôr fim ao conflito na Ucrânia, que começou em 2022 com a invasão em grande escala da Rússia a seu vizinho.
Em resposta a perguntas da mídia sobre a situação, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China instou "todas as partes" a evitar a escalada do conflito e a ampliação do campo de batalha. A China tem continuado a defender uma solução política para a crise.
A China tem sido criticada e pressionada pelo Ocidente para restringir as exportações de bens de dupla utilização, como equipamentos aeroespaciais, de manufatura e tecnologia, para a Rússia, que os líderes ocidentais e Kyiv afirmam estarem a apoiar o esforço de guerra russo.
Os oficiais chineses têm tentado posicionar o país como um mediador neutro no conflito, embora seu engajamento com Kyiv tenha sido limitado enquanto as relações com Moscou se aprofundam em vários setores.
A China recebeu pela primeira vez um alto oficial ucraniano desde a invasão russa há quase três anos, no início deste mês.
A reunião desta quarta-feira entre Li e Mishustin faz parte das discussões anuais que vêm ocorrendo desde 1996, com o objetivo de fomentar a cooperação prática de acordo com as visões de Xi e Putin. Os dois oficiais devem discutir sua "parceria abrangente e interação estratégica", com foco no comércio e na economia, de acordo com a TASS.
O comércio entre a China e a Rússia atingiu recordes em 2022, ultrapassando a meta de US$ 240 bilhões antes do previsto. A Rússia tornou-se altamente dependente do mercado, dos bens e dos investimentos da China desde que o país foi atingido por sanções internacionais abrangentes após a invasão da Ucrânia.
O comércio entre os dois países aumentou mais de um quarto em 2023 em relação a 2022, mas cresceu apenas 1,6% entre janeiro e julho de 2023, de acordo com dados da alfândega chinesa.
A visita de Li deve terminar na Bielorrússia, onde ele se reunirá com o primeiro-ministro bielorrusso Roman Golovchenko para uma conversa abrangente sobre as relações bilaterais e a cooperação em vários setores, como anunciou o Ministério das Relações Exteriores da China na segunda-feira.
As discussões estratégicas entre Li e Putin destacam a colaboração China-Rússia, que é vital no contexto mais amplo do cenário mundial.
Dadas as dinâmicas globais em andamento, as relações da China com as grandes potências mundiais, incluindo a Rússia, continuam a moldar o discurso internacional.