O que as pessoas estão a errar esta semana: Desinformação sobre os Jogos Olímpicos
Se você acompanhou os esportes nas redes sociais nas últimas semanas, tenho certeza de que viu fotos e vídeos do atleta canadense Tyler Mislawchuk vomitando após competir no triatlo dos Jogos Olímpicos de Paris, talvez acompanhados por uma manchete como: "Vídeo mostra triatleta canadense vomitando após nadar no Rio Sena".
De acordo com especialistas em desinformação online, o fato de Mislawchuk ter ficado doente é um dos muitos acontecimentos olímpicos que a Rússia está aproveitando e distorcendo intencionalmente para fortalecer uma narrativa falsa sobre os jogos.
A verdade por trás do nadador doente
Primeiro os fatos: é verdade que Mislawchuk vomitou após completar seu triatlo e é verdade que a contaminação por E. coli no Sena tem sido uma preocupação constante nas Olimpíadas, mas a ligação entre os dois é tênue.
Como qualquer um que já correu cross country no ensino médio pode lhe dizer, não é incomum que atletas vomitem após se esforçarem, e, segundo Mislawchuk, foi devido ao calor e ao esforço que ele fez na corrida que ele ficou doente. "Vomitei 10 vezes após a corrida... ficou quente nas últimas voltas", ele contou à revista Triathlon Magazine. Então foi E. coli? Provavelmente não. Mas que tantas pessoas foram levadas a acreditar que foi faz parte de uma história maior que vem desde a Guerra Fria.
Rússia e a disseminação de histórias negativas sobre as Olimpíadas
De acordo com o Boletim de Segurança da Microsoft, a Rússia tem uma longa história de tentar minar as Olimpíadas. De acordo com o Boletim de Segurança, se a Rússia "não pode participar ou vencer os Jogos, então eles procuram subverter, difamar e degradar a competição internacional aos olhos dos participantes, espectadores e audiências globais", e eles vêm fazendo isso desde que eram a União Soviética.
Na década de 1980, a URSS distribuía boletins anônimos para difamar as Olimpíadas, fazendo alegações especulativas como de que atletas não brancos seriam caçados por racistas nas Olimpíadas de 1984. Os computadores, como se revelou, são muito mais eficientes na distribuição de mentiras do que folhetos. A campanha moderna contra Paris e as Olimpíadas em si começou há pelo menos um ano com um filme de propaganda anti-Olimpíadas de longa metragem chamado "Os Jogos Caíram" que foi disseminado principalmente no Telegram. Durante os jogos, a Rússia tem distorcido fatos em tempo real ou até mesmo inventado-os completamente por meio de IA para retratar Paris como um pesadelo cheio de crimes e ratos.
De acordo com a ABC News, "30.000 bots nas redes sociais ligados a um grupo notório de desinformação russa" estão disseminando vídeos criados por AI e impulsionando qualquer notícia negativa que surge dos jogos para avançar a agenda de Moscou. A rede sombria conseguiu uma pequena vitória com as imagens pós-corrida de Mislawchuk, mas sua maior vitória até agora em 2024 é o golpe de relações públicas proporcionado pela boxeadora argelina Imane Khelif.
Controvérsia de gênero e esportes femininos
As redes de bots russas entraram em ação rapidamente após Angela Carini desistir de sua primeira rodada de boxe olímpico contra Khelif. Ajudadas por (alegados) humanos como Donald Trump e J.K. Rowling, a rede de desinformação russa foi capaz de criar uma controvérsia sobre o gênero de Khelif que provavelmente chegou ao seu tio MAGA. As alegações de que Khelif não é realmente uma mulher foram fortalecidas por uma desclassificação de 2023 pela Associação Internacional de Boxe. Isso faz com que pareça haver dois lados na história, até que você descubra que a AIBA tem profundas ligações com a Rússia e seus testes de elegibilidade são extremamente suspeitos.
O que pode ser feito sobre a desinformação olímpica russa?
Enquanto as autoridades francesas estão adotando uma abordagem relativamente dura em relação à desinformação, incluindo prender um homem russo por "exercer inteligência a serviço de um poder estrangeiro" com o objetivo de "provocar hostilidades na França", combater a desinformação online é muito difícil. Portanto, do agora até o Tom Cruise encerrar o show, o melhor que podemos fazer é ser tão céticos em relação às notícias esportivas quanto aprendemos a ser em relação às notícias políticas.
