O primeiro-ministro da Tailândia Srettha Thavisin foi destituído do cargo por uma decisão do tribunal de choque
O veredito chegou uma semana após o mesmo tribunal dissolver o popular Partido Progressista Movimento para a Frente, da Tailândia, que venceu as eleições do ano passado, e banir seus líderes da política por 10 anos.
O Tribunal Constitucional de Bangkok decidiu na quarta-feira que Srettha, um magnata do setor imobiliário e recém-chegado à política, havia violado regras éticas ao nomear um advogado que cumpriu prisão no gabinete.
Agora, um novo governo deve ser formado, e a coalizão liderada pelo Pheu Thai indicará um novo candidato para primeiro-ministro, que será votado pelo parlamento de 500 assentos.
O veredito significa mais agitação para o já tumultuado cenário político da Tailândia, no qual aqueles que defendem mudanças frequentemente entram em conflito com a elite militar, realista e empresarial – um pequeno mas poderoso grupo de militares, realistas e empresários.
Nos últimos 20 anos, dezenas de parlamentares foram banidos, partidos foram dissolvidos e primeiros-ministros foram derrubados por golpes ou decisões judiciais – com a judiciária jogando um papel central na batalha pelo poder em andamento.
A nomeação de Srettha para o cargo mais alto em agosto do ano passado pôs fim a três meses de impasse político após as eleições de 2023, mas resultou no partido Pheu Thai entrar em uma coalizão governamental com seus rivais militares de longa data.
O caso contra Srettha foi apresentado em maio por um grupo de 40 senadores nomeados pelo exército, que procuraram removê-lo do cargo devido à nomeação de Pichit Chuenban para o gabinete.
Pichit foi preso por seis meses em 2008 por desrespeito ao tribunal após tentar subornar oficiais do Supremo Tribunal em um caso de terra envolvendo Thaksin.
Srettha negou qualquer irregularidade e afirmou que Pichit, que já renunciou, foi devidamente examinado e o partido seguiu os procedimentos adequados.
A popularidade de Srettha tem diminuído nos últimos meses, segundo as pesquisas, à medida que suas principais políticas econômicas enfrentam oposição e atrasos.
Mas a decisão de quarta-feira surpreendeu os analistas políticos que acreditavam que o tribunal ficaria do lado do primeiro-ministro.
A prioridade de Srettha desde que assumiu o cargo foi consertar a economia estagnada da Tailândia.
O líder deposto havia promovido um esquema de distribuição de 500 bilhões de bahts (US$ 13,8 bilhões) em carteiras digitais que, segundo ele, criaria empregos e estimularia o gasto em regiões subdesenvolvidas. O plano ainda não foi implementado.
Srettha também estabeleceu como meta atrair mais investimentos estrangeiros e tornar a Tailândia um centro turístico global, expandindo políticas de isenção de visto e anunciando planos para sediar grandes eventos com o objetivo de impulsionar a economia.
Pheu Thai e a elite
O populista Pheu Thai é a última encarnação de partidos alinhados com o controverso ex-líder Thaksin, que foi deposto pelo exército em um golpe em 2005.
Thaksin, um bilionário de telecomunicações e ex-proprietário do Manchester City Football Club, é a cabeça de uma famosa dinastia política que tem jogado um papel desproporcional na política da Tailândia nos últimos 20 anos.
Seu dramático retorno do auto-exílio de 15 anos no ano passado coincidiu com a votação do Senado para nomear Srettha como o 30º primeiro-ministro do país.
Essa votação garantiu o Pheu Thai como a cabeça de uma coalizão multipartidária. O Movimento para a Frente, que conseguiu uma vitória eleitoral surpreendente em maio de 2023 com sua altamente popular agenda de reformas, foi forçado à oposição.
O Movimento para a Frente havia proposto reformas radicais para capitalizar anos de crescente indignação com a forma como a Tailândia é governada, incluindo emendas às leis de lesa-majestade do país, que criminalizam a insultar membros da família real.
Em julho de 2023, senadores conservadores impediram o Movimento para a Frente de formar um governo por causa de sua campanha de reformas. E na semana passada, o Tribunal Constitucional acusou o partido de "minar a monarquia" e ordenou sua dissolução, um golpe para o vibrante movimento progressista. Os antigos membros desde então reconstituiu