O Irã intensifica campanha de influência dirigida aos eleitores dos EUA com sites de notícias falsas, diz a Microsoft
Um dos sites de notícias falsas supostamente criados por operativos iranianos chamou o ex-Presidente Donald Trump de "elefante opioide na loja MAGA" e "litigiosaurus enlouquecido", disseram os pesquisadores da Microsoft.
Outra falsa plataforma apoiada pelo Irã se descreve como uma "fonte confiável para notícias conservadoras" em Savannah, Geórgia, e se concentra em questões LGBTQ e reatribuição de gênero, de acordo com a Microsoft. Nenhum dos sites ganhou muito alcance nas redes sociais, mas isso pode mudar à medida que a eleição se aproxima, de acordo com a Microsoft.
O relatório - compilado a partir de materiais de origem aberta e da vasta oferta de dados internos da Microsoft - oferece alguns dos exemplos mais claros até agora do que os oficiais de inteligência dos EUA descreveram no mês passado como uma campanha de mídia social encubierta em andamento pelo Irã para minar a candidatura de Trump e aumentar a "discórdia social" nos EUA antes da eleição de novembro.
O relatório também destaca como o número de atores estrangeiros tentando semear divisões em torno das eleições dos EUA continuou a crescer desde a ampla campanha de influência do Kremlin nas eleições de 2016.
Os iranianos "prepararam o terreno para campanhas de influência em temas relacionados à eleição em alta e começaram a ativá-las em uma aparente tentativa de fomentar controvérsia ou influenciar eleitores - especialmente nos estados indecisos", disse Clint Watts, gerente-geral do Microsoft Threat Analysis Center, em um postagem no blog.
Em junho, um grupo de hackers ligado à Guarda Revolucionária do Irã também tentou invadir a conta de e-mail de um alto oficial de uma campanha presidencial dos EUA, de acordo com a Microsoft.
A Microsoft disse que notificou a campanha sobre a tentativa de hacking, mas recusou-se a divulgar publicamente qual campanha foi. "A Microsoft não nos notificou sobre nenhuma conta da campanha ter sido alvo dessa maneira", disse um oficial da campanha da Vice-Presidente Kamala Harris à CNN. A CNN solicitou comentários à campanha de Trump.
Enquanto isso, operativos russos tentaram desde abril "criar manchetes com escândalos falsos" que afirmam falsamente que a CIA disse a uma fazenda de trolls ucraniana para disruptiva a eleição americana próxima, que o FBI grampeou a residência de Trump e que soldados ucranianos queimaram uma efígie de Trump, de acordo com a Microsoft.
Pessoas online da China tentaram usar centenas de milhares de contas online para amplificar a indignação em torno das protestos pró-palestinos em universidades americanas nesta primavera, segundo o relatório da Microsoft.
Os governos do Irã, Rússia e China negam rotineiramente alegações de operações de influência eleitoral.
Não é incomum durante campanhas presidenciais dos EUA que hackers associados aos serviços de inteligência do Irã, Rússia e China tentem coletar inteligência sobre posições ou pessoal de campanha. Em 2020, a Microsoft alertou que o mesmo grupo de hackers iranianos estava alvo da campanha de reeleição de Trump, enquanto hackers chineses estavam alvo de associados da campanha de Joe Biden.
Esforços para minar as eleições americanas de 2024
Os oficiais dos EUA estão se preparando para uma gama de serviços de inteligência estrangeiros que podem tentar influenciar ou minar a confiança nas eleições americanas de 2024, explorando um ambiente doméstico já fragilizado em que muitos americanos acreditam em mentiras sobre fraude eleitoral.
A Rússia "continua sendo a principal ameaça às eleições americanas", diz um relatório recente do Escritório do Diretor de Inteligência Nacional. Os oficiais americanos também alertaram que operativos e propagandistas russos estão planejando "usar redes sociais de forma encubierta" em uma tentativa de minar o apoio à Ucrânia em estados indecisos durante a eleição.
A China "provavelmente não planeja influenciar o resultado" das eleições presidenciais americanas, mas a inteligência americana está monitorando a possibilidade de que propagandistas e atores de influência ligados à China possam "denegrir candidatos de baixa votação", diz o relatório do ODNI.
As supostas ameaças iranianas à candidatura de Trump não ficaram apenas online.
As autoridades americanas obtiveram informações de uma fonte humana nas últimas semanas sobre uma trama do Irã para tentar assassinar Trump, o que levou ao aumento da segurança da antiga presidente pelo Serviço Secreto, relatou a CNN pela primeira vez em 16 de julho. O Departamento de Justiça anunciou em 6 de agosto acusações contra um homem paquistanês com supostas ligações com o governo iraniano por supostamente procurar realizar assassinatos políticos.
O Irã negou as alegações de trama de assassinato.
Como presidente, Trump ordenou a morte do general iraniano Qasem Soleimani e retirou-se de um acordo multilateral destinado a limitar o programa nuclear do Irã. O Irã prometeu vingança pela morte de Soleimani.
Apesar da campanha de mídia social encubierta em andamento pelo Irã para minar a candidatura do ex-Presidente Donald Trump, a política nos EUA continua a ser moldada por vários fatores domésticos e internacionais. O relatório também destacou os esforços aumentados de atores estrangeiros, como a Rússia e a China, para semear divisões em torno das eleições americanas, usando táticas como espalhar escândalos falsos e amplificar a indignação nas redes sociais.